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Delito de Opinião

Delito de opinião.

Luís Menezes Leitão, 02.11.17

Não consigo compreender como é possível mandar para a prisão os governantes de um governo deposto pelo simples facto de terem executado o programa com que se apresentaram a eleições, as quais lhes deram a maioria no parlamento. Em Espanha neste momento há processos com acusações por penas gravíssimas e medidas de coacção desproporcionadas apenas por simples delito de opinião. Estes governantes estão presos porque não se consideram espanhóis e quiseram que a sua região fosse independente. E já agora, alguém acredita que as eleições convocadas ao abrigo do art. 155 vão ser realizadas adequadamente quando os líderes independentistas são previamente sujeitos à prisão ou ao exílio? Fala-se tanto nos regimes ditatoriais do leste da Europa e assiste-se sem uma palavra a estas coisas aqui mesmo ao lado.

Portugal precisa de um verdadeiro Partido Verde

Pedro Correia, 02.11.17

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Depois das tragédias ocorridas a 17 de Junho e a 15 de Outubro, com a devastação de grande parte do interior do País e a perda de pelo menos 110 vidas humanas, nada pode ficar na mesma. Incluindo no plano político. Uma das consequências imediatas deve ser a fundação de um verdadeiro Partido Verde em Portugal, acompanhando a dinâmica gerada em diversos países europeus, nossos parceiros no espaço comunitário.

Se a destruição de mais de meio milhão de hectares de terreno florestal e áreas de cultivo não servir de detonador para esta mudança, cada vez mais necessária, duvido que qualquer outro factor venha a torná-la tão urgente. No preciso momento em que o Partido Verde se prepara para reassumir funções governativas na Alemanha, integrando a nova coligação liderada pela chanceler Angela Merkel.

 

Para a fundação em Portugal de um partido homólogo aos Verdes germânicos há que transpor dois obstáculos. O primeiro é a captura deste espaço político, há 35 anos, pelo impropriamente chamado Partido Ecologista Os Verdes (PEV), mero apêndice do PCP surgido na década final da Guerra Fria para tentar alargar o espectro de influência dos comunistas na sociedade portuguesa. Tão apêndice que nunca se sujeitou a um só teste eleitoral autónomo de então para cá: o partido da foice e do martelo serve-lhe de bolsa marsupial, eleição após eleição, acabando no entanto por ganhar com a troca porque consegue deste modo duplicar os tempos de intervenção nas sessões plenárias do Parlamento.

Tem sido sempre assim, legislatura após legislatura, com os vermelhos a ditarem o discurso aos “verdes”, configurados em partido-melancia.

 

Outro obstáculo a transpor é o do pleonástico Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que surgiu em data muito mais recente na cena política portuguesa, também invocando a causa ecológica, e falhou em toda a linha nas circunstâncias em que mais devia ter saído com firmeza em prol dos verdadeiros valores ambientais. Em Pedrógão limitou-se aos serviços mínimos, emitindo um comunicado de condolências com 32 palavras, sem exercer a vigilância que se impunha perante a total passividade governamental subsequente à tragédia.

Na véspera dessa dramática data que foi o 15 de Outubro, quando a meteorologia já alertava para um fim de semana anormalmente quente e seco, com perigo exponencial de fogos, o PAN reuniu tranquilamente a sua Comissão Política para, conforme consta do comunicado oficial, dar prioridade à situação na Catalunha. Entre uma e outra devastação da floresta nacional, entreteve-se a legislar na Assembleia da República sobre a admissão de animais de companhia nos restaurantes citadinos: as suas prioridades não podiam ser mais evidentes.

 

Falta portanto um verdadeiro Partido Verde, sem distorções nem disfarces: nem falsamente ecologista, nem animalista urbano chic. Com raízes bem implantadas na sociedade portuguesa. Um partido que nunca foi tão necessário como agora.

Espero vê-lo emergir das cinzas que cobriram uma vasta extensão do território nacional.

Convidado: PEDRO AZEVEDO

Pedro Correia, 02.11.17

 

O valor dos actos

 

As Farpas foram publicações assinadas por Ramalho Ortigão e Eça de Queiroz entre 1871 e 1872, e somente pelo primeiro até 1883.
 
Esta prosa, um inovador conceito de jornalismo para a época, trouxe novas ideias e uma admirável crítica social.
 
Naquilo que era uma sátira “política, das letras e dos costumes” destacou-se Ramalho Ortigão. Sobre o mérito, Ramalho afirmou que "ninguém é grande nem pequeno neste mundo pela vida que teve, pomposa ou obscura. A categoria em que temos de classificar a importância dos Homens deduz-se do valor dos actos que praticam, das ideias que difundem e dos sentimentos que comunicam aos seus semelhantes”.
 
Vem isto a propósito de um estudo de 2015, extraído de uma analise a seis empresas, desenvolvido por oito investigadores e promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, que concluiu que o mérito não tem grande relevância na evolução profissional dos portugueses. No mesmo trabalho são indicados como preponderantes para o sucesso factores como as ligações pessoais, a partidos políticos e, pelo menos num dos casos, a organizações católicas e a associações secretas.
 
Dá que pensar!
 
Acreditando eu que os homens são todos iguais aos olhos de Deus e que a salvação é a Sua graça, não deixo de achar relevante a obra que realizamos na nossa curta passagem por este mundo. Como dizia o Marquês de Maricá, “os homens sem mérito algum, brochados de insígnias e de ouro, são comparáveis aos maus livros ricamente encadernados”.

 

 

Pedro Azevedo

(blogue ÉS A NOSSA FÉ)

À atenção dos apoiantes portugueses do governo de Madrid.

Luís Menezes Leitão, 02.11.17

Já começa a haver gente em Espanha que, embalada pela aplicação do art. 155, anda a propor a anexação de Portugal. Nada de novo. O outro galego também tinha um plano para o fazer. Por isso é que eu sempre achei que a independência da Catalunha só favoreceria Portugal, libertando-nos de vez do complexo espanholista de unificação da península ibérica.

Dia de Finados e de Todos os Santos

João Pedro Pimenta, 01.11.17

Noutros tempos, o Dia de Finados, 2 de Novembro, servia para que cada um fizesse a sua romaria pessoal aos cemitérios, mas com a extinção do feriado desse dia reservou-se o dever para o anterior, de Todos os Santos, que durante anos recentes também perdeu a dignidade feriadal. Ainda assim, e mesmo com o recuo do gesto de revisitar a memória dos que já morreram, para mais ensombrado pelo mais descontraí­do e mais carnavalesco Halloween, uma coisa vinda do imaginário celta/new age das Américas que pouco atingiu a minha geração, grande número de pessoas continua a fazê- lo. Outros não o fazem, por mudança de hábitos, desconhecimento, pela pouca importância que dão ao assunto, ou porque o medo da morte simplesmente os incomoda, uma coisa muito frequente nestes dias de intenso materialismo e de fuga ao natural fim da vida (embora paradoxalmente haja um certo gosto pelo macabro e pelo mórbido). Mas outros continuarão sempre a fazê-lo. É bom que este hábito se mantenha, pela memória, pelo respeito e saudade dos que nos deixaram, e porque afinal nenhum de nós vai ficar cá para sempre. E os cemitérios não têm necessariamente de ser locais de morbidez, como os ultra-românticos tanto gostavam; podem muito bem representar cenários de reflexão, de silêncio e de paz, coisas tão necessárias e terapêuticas à mente humana. Pela minha parte, e porque tanto um como o outro dia me tocam por fortí­ssimas razões pessoais e familiares (uma delas intrinsecamente relacionada com a própria data), não deixarei nunca de os recordar e celebrar.

 
(Publicado originalmente aqui, há dois anos, com ligeiras actualizações)

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