Deduzo que tenha visto o busto antes da cerimónia, deduzo que tenha gostado caso contrário tem poder para dizer: oiçam, está tudo bem, mas esta cara não é a minha. Para isso teria toda a legitimidade. Digo eu.

Oiço dois adolescentes, em conversa de fim de tarde, a discutir o assunto e um diz com convicção: “O CR7 é o português mais importante do século XXI.”

O mais importante não será, fico eu a pensar para os meus botões, ou talvez seja (que sei eu?), mas o certo é que se tornou um símbolo, um embaixador português pelo mundo. A carreira de CR7 não irá durar muito mais – o drama do corpo como grande traidor -, contudo há ainda muito que pode fazer e, garantem-me, já o faz.

O quê? Apoia instituições, apoia pessoas em concreto, dá o exemplo, não se refugia na celebridade para evitar beijar uma criança.

Que a terra onde nasceu o queira celebrar em vida é algo que não me choca nada. Para uma terra que vive do turismo, faz sentido que quem chega receba as boas vindas de uma personalidade incontornável a nível planetário.

Porquê um aeroporto? Podia ser outra coisa qualquer, já se sabe. Para mim, dá-me igual. Confusão fez-me quando decidiram chamar ao aeroporto de Pedras Rubras no Porto o aeroporto Francisco Sá Carneiro. Considerando as circunstâncias da sua morte, acho uma graça de mau gosto.

Aterrar no Cristiano Ronaldo parece-me idílico, em comparação. E gosto de saber que alguém se rala em celebrar os que conseguem atingir patamares de excelência enquanto estão vivinhos da silva.

Somos um país que gosta de adorar alguém depois de morto. Pouco mais. Diria que CR7 merece melhor e merece em vida.