Quadratura do círculo (parte 2)
Dar aos militantes liberdade para escolher o candidato a primeiro-ministro em eleições apenas destinadas a eleger deputados.
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Dar aos militantes liberdade para escolher o candidato a primeiro-ministro em eleições apenas destinadas a eleger deputados.
Nos últimos meses, poderia ter sido escolhido em qualquer semana. Porque é cada vez mais útil e cada vez mais imperiosa a leitura deste blogue. Fala-nos do conflito russo-ucraniano com uma acuidade e uma substância só possíveis em quem conhece muito bem o terreno.
Aprendemos sempre mais alguma coisa cada vez que o lemos. Daqui o destaque que lhe faço: o José Milhazes, que foi meu companheiro de lides jornalísticas na grande aventura dos primeiros anos do Público - um dos melhores jornais diários desde sempre existentes em Portugal - continua a escrever com todos os ingredientes que sempre lhe conheci. Qualidade, rigor e paixão pelo jornalismo. Sem nunca esquecer que os melhores textos jornalísticos são sempre os que narram histórias de pessoas de carne e osso.
Da Rússia é a minha escolha para blogue da semana.
Pelo visto, António José Seguro propõe primárias para decidir qual o candidato do PS a funções de primeiro-ministro mas não aceita pôr em discussão o seu cargo de secretário-geral. Coloca assim todos os socialistas que se inclinavam para apoiar António Costa perante um terrível dilema: manterem-se fiéis às suas convicções e princípios, permanecendo ao lado de Costa a bem daquilo que consideram ser os mais altos interesses do país, mas arriscando-se a não serem elegíveis para tachos que dependem do favor do aparelho, ou abdicarem das suas convicções e princípios para aumentarem as possibilidades de acederem aos tachos. Seguro, que tem fama de conhecer o aparelho como ninguém, parece não ter dúvidas sobre qual o lado para que penderão os corações e a razão dos valorosos e patriotas militantes socialistas.
Na semana em que o centro-direita sofre a maior derrota eleitoral de sempre, o PS celebra tal facto entrando em processo acelerado de desagregação interna. Apesar de ter alcançado a segunda vitória nas urnas em oito meses.
Nas eleições locais, em 30 de Setembro, conquistou 150 câmaras municipais - a maior vitória autárquica de que há registo.
Nas europeias de domingo, mesmo em contraciclo com a dura penalização de que foram alvo os dois blocos políticos tradicionais à escala europeia, sobe cinco pontos percentuais em relação ao anterior escrutínio, realizado em 2009. Obtendo o terceiro melhor resultado para a família do socialismo democrático em países da zona euro.
O PS foi mesmo a única força política do centro-esquerda a registar progresso eleitoral nos países sujeitos a resgate financeiro. Contrariando o colapso dos trabalhistas irlandeses (5,3%), o quase desaparecimento do PASOK na Grécia (8% em coligação) e a derrota histórica do PSOE em Espanha (23%).
Logo, porém, se levantou um exaltado coro de notáveis. Porque entenderam que a vitória era "curta". Entre esses notáveis, estão João Cravinho, que encabeçou a lista do PS derrotada (com apenas 28,5%) nas europeias de 1989. E Vital Moreira, o cabeça-de-lista derrotado de 2009, agora amargurado com a "frustrante vitória eleitoral" socialista. E José Sócrates, que liderava o PS humilhado há cinco anos nas europeias contra o PSD de Manuela Ferreira Leite (sem coligação com o CDS). Sem então ter sentido necessidade de "clarificação" da situação interna através de um congresso extraordinário, como hoje sustenta.
O mais notável de todos é Mário Soares. Que recusou fazer campanha pelo PS, apareceu num cartaz de propaganda do Syriza (o Bloco de Esquerda grego) e surge agora a incentivar o BE, que "não deve desanimar". Depois de no Verão passado - a dois meses das autárquicas - ter ameaçado o líder socialista de enfrentar um processo de "cisão" no partido. Algo inimaginável no tempo em que ele próprio era secretário-geral e conduziu o partido a três derrotas consecutivas, nas legislativas de 1979, nas autárquicas de 1979 e nas legislativas de 1980.
Temos portanto o maior partido da oposição novamente virado para si próprio, e não para o País. Mergulhado num conflito fratricida que seguramente deixará profundas marcas internas.
Depois de duas vitórias, repito. Não de duas derrotas.
Entretanto, o que se passa no país real? O Tribunal Constitucional chumbou três medidas fundamentais do Orçamento do Estado já em vigor - o sétimo chumbo em pouco mais de dois anos.
Algo que, noutro contexto, faria tremer o Governo. Mas com a guerra pelo poder no PS em primeiro plano da actualidade noticiosa, o Executivo continua a passar pelos pingos da chuva.
Disse António José Seguro que a moção de censura do PCP foi um "frete ao Governo". O que não dirá ele do processo de convulsão interna em que mergulharam os socialistas?
Espero que ao menos Passos Coelho tenha a delicadeza de lhes enviar um cartãozinho a agradecer...
O anúncio da suposta morte dos blogues, que alguns anteciparam, era francamente exagerado. Pelo contrário, estamos perante alguns regressos à blogosfera que vale a pena registar. É o caso do Luís Paixão Martins, agora de volta. Com A Teoria do Q.
De saudar também o regresso de Joana Amaral Dias, que em boa hora decidiu retomar o Córtex Frontal. Onde, merecidamente, continua a figurar o nome de José Medeiros Ferreira.
Um respeitoso beijo de agradecimento à Miss X. Pelas palavras tão simpáticas que nos dedica.
Ao Infinito's.
«Prometo uma liderança clara e inequívoca e que durante o [meu] mandato seremos campeões.»
Godinho Lopes, 28 de Fevereiro de 2011
Eu sou contra mas voto a favor.
Confesso que não atinjo, mas esta deve ser a parte menos relevante. Talvez os portugueses entendam.
Egoísta ganhou o Grande Prémio de Design na edição anual dos Papies. Foi ontem de madrugada na Figueira da Foz. Os prémios que a revista tem recebido ao longo dos anos são todos o reconhecimento do nosso trabalho (isto só quer dizer que nenhum envolve dinheiro) e são uma benção para nós que estamos no atelier 004. Obrigada por saberem que nos esfolamos a trabalhar para termos uma revista como esta, há 14 anos, propriedade da Estoril-Sol. Obrigada a todos os que colaboram connosco (e são muitos!) Ao fim deste tempo, não sei como faremos melhor, mas faremos:)
Sócrates tem tido esquecimentos imperdoáveis e actos inúteis que vão custar-lhe caro.
15 de Março de 2011
29 de Maio de 2011
15 de Maio de 2010
Atitude de Passos Coelho é reveladora de falta de sensibilidade e de vergonha.
9 de Outubro de 2012
PS continua fiel aos valores, Seguro é um bom líder.
19 de Abril de 2013
29 de Maio de 2014
"Leaders must have the vision to take their followers to a place they have never seen (in Henry Kissinger's phrase), but they must also be sure their people will follow them there - that the parade will not continue down Broadway when the leader turns onto Main Street. Party leadership is hazardous business, and mistakes can lead to electoral defeat or the choice of new leader (or both). On rare occasions, they can produce the ruination of the party" - Charles S. Mack, When Political Parties Die, Praeger, 2010
Qual é a dúvida?
Jorge Jesus
Mário Soares, 18 de Julho de 2013