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30 de Novembro de 2012. Já se fez noite em Pyongyang. A KCNA, a agência noticiosa governamental (sim, reconheço que nem sempre evito os pleonasmos) acaba de anunciar uma descoberta extraordinária. Um grupo de cientistas norte-coreanos encontrou provas irrefutáveis da existência dos unicórnios. Jo Hui Sung, responsável pela instituto que conduziu a investigação, explica, com a seriedade que a situação impõe, que o achado foi detectado a 200 metros do templo Yongmyong, no centro da capital. A credibilidade da descoberta resulta de no local ter sido encontrada uma pedra rectangular com a inscrição "Covil do Unicórnio". Parece-me prova definitiva. Escusam de vir com a conversa da falsificação e da refutação do Popper. Para além do mais, a Coreia do Norte é uma espécie de Entroncamento em versão premium. Ali onde se cruzam a Linha do Norte e a Linha da Beira Baixa surgem abóboras e nabos de dimensões descomunais. Em Pyongyang e arredores vão-se observando factos extraordinários em dimensão comunista. Na verdade, a mesma KCNA anunciou, após a morte de Kim Jong Il, em Dezembro de 2011, que, no momento do seu último suspiro, uma rocha começou a brilhar intensamente e um pedaço de gelo no local do seu suposto local de nascimento partiu-se sozinho com um ruído que pareceu fazer tremer os Céus e a Terra. O próprio Jong Il tinha cometido feitos extraordinários em vida, como sabemos (e sabemos porque a KCNA nos disse): a ele se devem a invenção do hambúrguer e mais de 1500 livros escritos em menos de três anos. Nada que nos espante se nos recordarmos que o "Querido Líder", na primeira vez em que pegou num taco de golfe, fez 11 buracos numa só tacada (se dúvidas houvesse deste recorde, 17 guarda-costas testemunharam o acontecimento), tendo acabado o percurso com, para aí, 40 pancadas abaixo do par. No fundo, nada disto nos devia surpreender. Sobretudo se tivermos em conta que, aqui bem mais perto, não sei quantos homens e mulheres crescidinhos, sem qualquer limitação aparente ao nível da capacidade de querer e de entender, aplaudem de forma entusiástica o pensamento de Álvaro Cunhal.
ALCÂNTARA
«Seguiu pelo Terreiro do Paço, pelo Aterro, quase até Alcântara. Ia como um sonâmbulo, sem reparar na gente que o acotovelava, nem na beleza da tarde de Verão, que morria num esplendor de ouro vivo.»
Eça de Queiroz, Alves & Cª.
Foto: blogue Monumentos Desaparecidos
O Natal é brutal (publicidade do Continente).
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