Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Delito de Opinião

Ler

Pedro Correia, 31.01.12

Fact Check #1 - Miguel Sousa Tavares. Do João Caetano Dias, no Blasfémias.

Quando os extremos se tocam, apedrejam e pontapeiam. De Carlos Guimarães Pinto, n' O Insurgente.

Denúncia à Inspecção Geral do Trabalho III (por e mail). Do Rodrigo Moita de Deus, no 31 da Armada.

Agitprop patética. De Fernando Lopes, no Diário do Purgatório.

Vacas sagradas, não tenho. De M, n' 1 Dia Atrás do Outro.

Uma Europa pisada e exangue. Do Rui Bebiano, n' A Terceira Noite.

Umberto Eco e a identidade europeia. De João Vacas, no 31 da Armada.

O problema das traduções. De ASM, no África Minha.

Lixo e Lídia. De Maria do Rosário Pedreira, no Horas Extraordinárias.

A propósito de um comentário meu não aprovado. Do Luís Naves, no Forte Apache.

Nos 90 anos de Nuno Teotónio Pereira. Da Joana Lopes, no Entre as Brumas da Memória.

Louvor às caixas de comentários. Do Ferreira Fernandes, no DN.

 

(em actualização)

Pérolas a PIIGS.

Luís M. Jorge, 31.01.12

Correndo o risco de maçar a poetisa Elisabete, o doutor Amorim e outros vultos tormentosos do liberalismo e da moral, aqui deixo o envio para um artigo recente de Paul Krugman no New York Times. Chama-se “O Fiasco da Austeridade“. E como sei que a sabedoria, principalmente a que nos chega  dos sãos princípios da escola da vida, nem sempre é acompanhada por um conhecimento profundo de línguas estrangeiras, eis um bom resumo em português.

A nova Judite

Helena Sacadura Cabral, 31.01.12

Não sei o que se passa com a Judite de Sousa. Antes tinha um chic natural e uma conversa inteligente. Agora o espalhafato das toilletes e dos penteados, o botox labial, a cor das unhas e a dimensão dos aneis distrai-me de tal modo, que não oiço o que diz. Medina Carreira, esse, parece que a não vê. Estranho...

A biblioteca na paragem

João Carvalho, 31.01.12

 

Depois deste e deste posts, ficamos agora a dever estas fotografias de bibliotecas em paragens de transportes públicos à nossa comentadora Madalena. São em Israel e recomenda-se que quem levar livros das prateleiras montadas nos abrigos os devolva ou deixe ficar outros, mas ninguém é obrigado a isso.

 

 

A verdade é que os livros andam de mão em mão e a iniciativa é apreciada por muita gente. Passageiros ou não.

O homem duplicado

Pedro Correia, 30.01.12

 

Há oito anos, escrevi no Diário de Notícias que Arménio Carlos seria o sucessor de Manuel Carvalho da Silva na CGTP. Lembro-me de que na altura não foi fácil encontrar fotografia do obscuro coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa, então totalmente desconhecido da opinião pública. Sabia-se, isso sim, que a cúpula comunista estava irritada com as contínuas fugas à ortodoxia de Carvalho da Silva e pretendia substituí-lo por um homem aparentemente mais duro mas afinal muito mais dócil no cumprimento das directivas partidárias. Por um motivo fácil de explicar: a CGTP é o mais poderoso instrumento de acção estratégica do Partido Comunista, que após ter perdido os seus bastiões operários e autárquicos recuou com a tenacidade de sempre -- um passo atrás, dois passos à frente, recomendava Lenine -- para o seu derradeiro reduto, o do sindicalismo nas áreas da administração pública e das empresas públicas, designadamente na área dos transportes. Quanto mais Estado, tanto mais a CGTP se robustece. E quem diz CGTP diz PCP. Não faz qualquer sentido a actual correlação de forças -- firmada durante os anos do "processo revolucionário" -- na cúpula da central sindical onde os comunistas estão em larga maioria, remetendo independentes, socialistas, católicos e bloquistas para posições minoritárias. Algo sem paralelo na sociedade portuguesa.

Essa foi talvez a cacha mais fácil da minha carreira jornalística, à semelhança de outra -- que escrevi com meses de antecedência -- em que garantia, também no DN, que Jerónimo de Sousa seria o sucessor de Carlos Carvalhas como secretário-geral dos comunistas. Porque não há nada mais previsível do que o ritmo "lento" e "vertical" -- sem qualquer traço revolucionário -- em que ocorre o processo de tomada de decisão no PCP. E se a ascensão de Arménio Carlos acabou por ficar quase uma década no congelador isso deveu-se apenas à fortíssima popularidade de Carvalho da Silva na sociedade portuguesa, alcançada não por causa da sua ligação enquanto militante de base aos comunistas mas apesar dela.

 

Virada a página, reforça-se a ligação orgânica da central ao partido com a promoção a dirigente máximo de um membro (desde 1988) do Comité Central do PCP, vinculado às rígidas normas de disciplina interna impostas pelo "centralismo democrático". Esta subordinação -- que Carvalho da Silva nunca aceitou na integridade -- torna agora mais nítido o controlo comunista da CGTP, onde o direito de tendência é rigorosamente interdito e as "minorias" (largamente maioritárias na sociedade) servem apenas para conferir um vago verniz pluralista a uma organização que o PCP passa a tutelar de forma ainda mais inflexível.

Era isto que eu gostaria de ter visto dissecado e debatido nos dias que precederam a entronização de Arménio Carlos, o homem que se prepara para duplicar sem deslizes o discurso sindical de Jerónimo de Sousa em todos os telejornais, tal como o PEV duplica a retórica comunista na frente parlamentar. Mas isso seria talvez exigir demasiado de um certo jornalismo e de uma certa "opinião" que se esgotam na poeira do instantâneo sem repararem no essencial.

Publicado também aqui

Os nossos são uns bastardos, mas são os nossos bastardos

Rui Rocha, 30.01.12

Não faltam vozes de escândalo perante a intenção da Alemanha de impor um comissário que passaria a decidir as questões orçamentais gregas. Vejamos então:

- Que soberania existe em precisar de dinheiro emprestado para pagar aos médicos, professores e polícias?

- Alguns dos que agora se indignam passam os dias a clamar contra as vergonhas do nosso país (nomeações de boys, desperdício de dinheiros público, regabofe na Madeira, buraco das autarquias, evasão fiscal, desigualdade na tributação em favor dos de sempre, parcerias público-privadas, privilégios do BES ou da MOTA ENGIL, etc). Estão errados? Claro que não. Tudo isso acontece. Na Grécia é pior.

- Não falta quem aponte as questões estruturais de concepção do Euro (défices de balança comercial da periferia) como única causa do descalabro grego. Talvez fosse bom recordar que a adesão à moeda única foi voluntária (soberana). Se a escolha foi errada... E, para dizer tudo, essa visão esquece todas as desgraças que ninguém nega (as situações descritas no ponto anterior são meros exemplos e existem em dobro na Grécia). Estamos então a defender a soberania do país ou a corporacia dos interesses para os quais é essencial que tudo fique na mesma, lá como cá?

- Em certos discursos parece ser que a única soberania que merece protecção é a dos países devedores. Quando se trata de usar os impostos dos cidadãos para socorrer os devedores, a ideia de soberania some-se. Os interessados não devem pronunciar-se.

Esta é uma questão que vai até ao osso. A ideia de criar um comissário orçamental é péssima. Mas, a sua recusa não se pode fundamentar numa soberania ancorada em factos folclóricos passados porque estes são igualmente péssimos. Só pode fundamentar-se num certo futuro: o de um país responsável, com cidadãos adultos e políticos exemplares. Capazes de libertar o Estado das dependências, vícios, teias e ilusões em que se deixou envolver. Se acreditarmos nisto, percebo a defesa sem concessões da soberania. Se não for assim, o discurso inflamado reduz-se a berrar que os nossos são uns bastardos, mas são os nossos bastardos. Não me importo de participar. Mas, nesse caso, apresentemo-nos todos com a bandeira, à guisa de barrete, enfiada até às orelhas.

Pág. 1/23