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Delito de Opinião

Dois nomes, dois símbolos

Ana Vidal, 30.07.11

Ia escrever qualquer coisa exactamente sobre o tema deste excelente texto de Fernanda Câncio. Mas está lá tudo o que eu diria, e muito mais bem dito. Limito-me a acrescentar um ponto que me parece importante: infelizmente, existem loucos, fanáticos e psicopatas em todas as ideologias políticas. Breivik pertence à extrema direita (Hitler fez escola, este caso é mais uma triste prova disso), mas também podia ser da extrema esquerda e escolher outros alvos (seguindo o mestre Estaline) com o mesmíssimo objectivo, mas de sinal contrário. O que quero dizer é que recuso acreditar que por detrás deste grau máximo de malignidade não esteja um muito sério distúrbio mental. Porque é sempre nestes perfis estranhos - autênticas bombas-relógio à solta nas sociedades - que melhor medram o fanatismo religioso ou político, a amoralidade e o ódio, transformando-os em exterminadores implacáveis num qualquer banho de sangue que glorifique a sua distorcida noção de justiça. E será sempre muito difícil - se não mesmo impossível - identificá-los como tal antes de perpetrarem as suas desvairadas vinganças.

Ler

Pedro Correia, 29.07.11

Sigh. Do Miguel Marujo, na Cibertúlia.

Gizem, Yasin. Da Fernanda Câncio, na Jugular.

Memórias de Oslo. Da Joana Lopes, no Entre as Brumas da Memória.

Otto Frank, o pai de Anne. Da Teresa, n' A Gota de Ran Tan Plan.

O regresso da doutrina Brejnev? De Luís Menezes Leitão, no Albergue Espanhol.

EDP errou. Do João E. Severino, no Pau Para Toda a Obra.

Com apenas dois graus. Da Carla Quevedo, na Bomba Inteligente.

A lotaria. De Maria do Rosário Pedreira, no Horas Extraordinárias.

A origem do Conto do Vigário, de Fernando Pessoa. De André Benjamim, no Ainda que os Amantes se Percam...

Da importância de escolher as palavras certas. Do Pedro Rolo Duarte.

Olhando os outros. De M, em 1 Dia Atrás do Outro.

Reiventar o futuro. Do Manuel Falcão, n' A Esquina do Rio.

Não sei por onde vou mas sei que não se deve ir por aí. Da Helena Matos, no Blasfémias.

Então o Relvas não o tinha posto na coluna dos "anti-socratistas"?

Sérgio de Almeida Correia, 29.07.11

"Em política, o que parece é, pelo que não julgo haver forma de consertar o desastroso processo de nomeação da nova equipa de gestão da Caixa Geral de Depósitos.

 

"Tudo isto pode ter uma explicação razoável, pode até haver razões para o "orgulho" manifestado publicamente pelo ministro das Finanças, mas o mal está feito: este processo pareceu mostrar que continua a haver jobs para os boys e que a contenção defendida noutras instâncias não se aplica à Caixa. É o mais desastroso passo em falso do Governo desde que tomou posse."

 

"Ou seja (...) a defesa "ideológica" da importância "estratégica" da Caixa não passa, com frequência, de uma falácia, pois esta é demasiadas vezes utilizada para empregar alguns companheiros e ajudar os amigos do Governo em funções. Ou, se não é, parece que é."

 

"(...) a RTP tem ineficiências que custam muitos milhões de euros e que não são resolúveis mantendo a sua actual propriedade pública intocável. Era bom que o Governo clarificasse o que tenciona realmente fazer em vez de deixar a questão num limbo malsão" - José Manuel Fernandes, Público, 29 de Julho de 2011.

 

Alguns "socratistas" devem-se ter fartado de rir com o artigo de hoje. Eu também, mas foi só de imaginar a cara do ministro dos Assuntos Parlamentares ao ler o artigo. E de alguns bloggers que até há um mês não se cansavam de citá-lo.

As respostas que importa dar sobre o caso Bairrão

Sérgio de Almeida Correia, 29.07.11

Muito se tem escrito e dito sobre o chamado "caso Bairrão". A investigação do Expresso permitiu conhecer mais alguns pormenores, mas neste momento, para além de ser necessário apurar se os ex-directores continuam a ter acesso à informação dos serviços de informações e se algum deles ou qualquer outro ex-colaborador violou, ou não, os respectivos deveres, são poucas as questões a que importa responder para que os portugueses fiquem tranquilos quanto à acção do Governo e dos seus membros. 

 

O Governo já negou que tivesse solicitado qualquer investigação, promovido a recolha ou recolhido informações sobre alguma pessoa em particular junto dos Serviços de Informação. Não me custa acreditar que seja verdade, como em outras situações também acreditei no Governo anterior. Mas nesta altura as perguntas e as respostas têm de ser mais claras e mais incisivas.

 

Assim, o que importa perguntar e saber é apenas isto:

 

1 - O senhor primeiro-ministro, o ministro dos Assuntos Parlamentares, o ministro da Administração Interna, qualquer outro membro do Governo ou algum dos seus colaboradores tentou obter, obteve ou solicitou informações, de modo informal, directamente ou por interposta pessoa, sobre Bernardo Bairrão e as suas ligações empresariais antes de ser entregue a lista definitiva de secretários de Estado ao Presidente da República? Se tiver sido esse o caso, quem pediu, a quem e de que forma, e se chegou a ser fornecida alguma informação? 

 

2 - Houve alguma investigação sobre Bernardo Bairrão ou as suas ligações empresariais autorizada por algum membro do Governo da República? Se sim, quando, quem conduziu essa investigação, com que objectivo e quem a autorizou?

 

Será bom que estas respostas sejam dadas com o maior rigor e o mais rapidamente possível. Se for pelo Expresso melhor, já que foi esse jornal que desencadeou a investigação, divulgou mais pormenores e foi desmentido. Para que os portugueses possam tirar as suas conclusões e possamos seguir em frente. 

Transparência

Sérgio de Almeida Correia, 29.07.11

A criação desta página por parte do Governo, hoje anunciada na Assembleia da República pelo primeiro-ministro, é uma medida que registo e que deve ser aplaudida. Espero que seja um passo com continuidade em todas as áreas de acção do executivo e não uma medida desgarrada.

'Artitectura': os mal-amados (21)

João Carvalho, 29.07.11

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Keret House,

em Wola, Varsóvia

(Polónia)

A Keret House está a ser instalada no distrito de Wola, em Varsóvia — e dizer "instalada" não é uma mera opção da escrita: trata-se da casa mais estreita do país (talvez da Europa, talvez do mundo inteiro) e não possui frente bastante para atingir a dimensão mínima prevista no código municipal para ficar registada como habitação, pelo que está autorizada apenas como simples "instalação" de arte.

O recente projecto do gabinete Centrala, assinado por Jakub Szczęsny, deverá estar concluído já em Dezembro deste ano e prepara-se para ser apresentado e candidatar-se a prémios de urbanismo.

Encaixada num reduzido, inútil, inestético e inexplicável vão entre dois prédios, a exígua moradia assenta numa áerea de 14,5 metros quadrados, com dimensões interiores que variam entre os 122 centímetros e os 22 centímetros. A casa, com um só postigo na frente e um respiro em cima, foi concebida para lugar de trabalho do escritor israelita Etgar Keret (à direita) — que reside em Tel Aviv e gosta de estar em Varsóvia — mas igualmente capaz de servir como habitação-estúdio para quaisquer visitantes, entre jovens criadores e intelectuais de diferentes origens que o proprietário habitualmente recebe.

Para lá das estruturas em betão que resguardam a construção, alguns acabamentos interiores são flexíveis e/ou escamoteáveis. As escadas possuem controlo remoto para se manterem recolhidas ou poderem ser utilizadas.

Com inspiração na tecnologia que se aplica em embarcações, a Keret House dispõe de equipamentos próprios que lhe garantem as necessidades básicas e a tornam independente dos sistemas urbanos de abastecimento. A excepção é a energia eléctrica, cujo fornecimento será proveniente de um dos edifícios vizinhos.

Branca por fora e por dentro, a "coisa" parece uma placa de esferovite caída no intervalo entre dois prédios. Contudo, como exercício de arquitectura, deve reconhecer-se que é invulgar. O morador só não pode adoecer, porque o sobe-e-desce escadas, se já não é fácil em habitações normais com mais do que um piso, neste caso limita perigosamente o próprio e até quem chegar de fora para lhe deitar a mão.

Pelo mesmo motivo, é pouco aconselhável a quem espera envelhecer: sem a fonte da juventude por perto, o melhor é procurar uma casa térrea (de simples rés-do-chão) que seja normalzinha. À medida que avança, a idade do ser humano torna-se pouco dada a fantasias que exijam grande esforço físico quando o corpo exige repouso.

Pese embora a graça de mostrar aos amigos (um de cada vez, claro está) uma propriedade tão insólita e inesperada, a Keret House ainda será mais mal-amada quando toda a gente começar a sentir inveja das sardinhas, que sempre são enlatadas em espaços mais amplos. Por falar nisso: quando o inquilino abrir uma lata dentro de casa, o cheiro a peixe há-de ser insuportável...