Marcha Radetzky
Daniel Barenboim conduz a Orquestra Filarmónica de Viena (Concerto de Ano Novo 2009):
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Daniel Barenboim conduz a Orquestra Filarmónica de Viena (Concerto de Ano Novo 2009):
Ontem de manhã cedo fui num salto ao supermercado. Nos corredores mulheres recitavam ao despique ementas de reveillon enquanto homens namoravam queijos e vinhos com vagares de gourmet. Àquela hora não havia bicha para a caixa. À minha frente só uma mulher de 50 anos bem pesados e cinta xxl. Uma ruína de buço e cabelos acaju a clamar por obras. "Este ano vai ser diferente", dizia ela para a caixa. "Este ano vou passar o ano a dormir". A caixa, uma loura platinada que há muito devia ter sido morena, não aprovou: "Pois eu vou sair daqui às sete, chego a casa, visto o meu pijama azul e em chegada a meia-noite vou sozinha para a varanda fazer barulho. Ao menos barulho tenho de fazer." À meia noite lembrei-me dela. Uma borboleta azul de subúrbio a oferecer o peito a 2011.
Em 2011, é essencial recuperar o sentido da vida:
Por vezes - felizmente mais vezes do que alguns cínicos imaginariam - deparamos na blogosfera com textos que trazem a marca da excelência, revelando um olhar atento aos sinais dos tempos, muito para além da espuma dos dias. É o caso deste, assinado por Rui Herbon na Jugular.
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1944)