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Delito de Opinião

As coisas que se lêem

Sérgio de Almeida Correia, 30.11.10

"Nós, público, temos o direito a não saber tudo, em especial de que manigâncias se faz a diplomacia de um Estado. Se alguns activistas e jornalistas pretendem eliminar esses segredos no nosso próprio interesse, são infantis ou irresponsáveis." - Pedro Lomba, no Público de hoje, a propósito do lixo (e não só) que a Wikileaks tem posto cá para fora.

 

Por uma vez estou de acordo com o cronista. Mas o que eu queria mesmo era que ele me dissesse qual o critério que deverá ser seguido, já que de exemplos, e de boas intenções, está o mundo cheio.

Não é por nada, mas é só para saber se amanhã aparecerem por aí umas conversas, por exemplo, de Passos Coelho a trocar impressões, mera hipótese académica, é claro, com Paulo Portas ou Ângelo Correia, a gente saber de antemão qual vai ser a sua posição.  

Os meus heróis têm nome

Sérgio de Almeida Correia, 30.11.10

Se José Mourinho também é notícia pelas piores razões, entenda-se com isto o resultado de ontem da contenda entre o Real Madrid e o Barcelona, não vejo por que razão um jovem como Filipe Albuquerque não havia de ser notícia.

Já anteriormente tinha aqui deixado uma referência a esta jovem estrela, verdadeira certeza, do automobilismo nacional e mundial. Depois de ser vice-campeão de Itália de GT3, com o fabuloso Audi R8 LMS, o Filipe brilhou na Corrida dos Campeões, batendo, sem apelo nem agravo, homens como Sebastien Löeb, o crónico campeão do mundo de ralis, e Sebastien Vettel,  o recém coroado campeão do mundo de Fórmula 1.

No mundo onde corre Filipe Albuquerque é um dos melhores, embora não tenha os meios de Mourinho. O feito alcançado no passado fim-de-semana, na prova disputada na Alemanha, mereceu elogios em toda a Europa e até no Brasil, pátria de nomes como Pace, Fittipaldi, Piquet ou o inesquecível Ayrton Senna da Silva, a sua marca não passou despercebida.

Os meus heróis têm nome. Este chama-se Filipe Albuquerque e fala português como nós.   

Leitura para parlamentares e afins

Sérgio de Almeida Correia, 30.11.10

O nível a que ultimamente tem descido o discurso político não é exclusivo nosso. A defesa da honra só não é já uma espécie de ponto antes da ordem do dia ao longo de todas as sessões porque ainda há quem tenha o bom senso de não o permitir.

Isso não servirá de conforto mas, de qualquer modo, poderá ser o pretexto para aqui vos trazer esta proposta para a quadra que se aproxima. 

Não tenho dúvidas de que este livro seria uma belíssima prenda de Natal para os nossos parlamentares, e para todos aqueles que não sendo parlamentares costumam frequentar o Parlamento com alguma regularidade, sentando-se  naquela pequena bancada que está aos pés de Jaime Gama.

Nada de mais oportuno, pois, do que dar-lhes a conhecer esta obra de Thomas Bouchet (um parlamentar modernaço poderá ter dificuldade na conjugação de alguns tempos verbais mas talvez domine o francês), com uma não menos interessante recensão de Corinne Legoy com o título "L'inflation du verbe, insultes et politique". Acredito que, talvez com excepção daquele senhor deputado que devido aos cortes na mesada precisava de ter a cantina aberta a horas mais tardias, a tença que o contribuinte lhes paga ainda deverá ser suficiente para comprar este livro. Estou certo que a maior parte, não obstante as dificuldades, não quererá ficar à margem do debate sobre estas, cada vez mais incontornáveis,  realidades retóricas.

A lição de Messi

Rui Rocha, 30.11.10

 

Desculpa, André. Mas, não concordo. Converter a noite de ontem numa vitória de José Mourinho é trilhar o caminho penoso das vitórias morais. É, provavelmente, negar a própria essência de Mourinho. Mourinho é ambição, é arrogância e obsessão. É auto-suficiência que transborda para lá das quatro linhas do campo. As vitórias morais devem ser-lhe muito amargas. O que aconteceu ontem foi o confronto do homem com o seu próprio mito. E como não podia deixar de ser, o homem é bastante menor que a dimensão do mito. Mourinho, o treinador, é de carne e osso, falível, sujeito ao erro. Ontem, apanhou um banho de futebol. Lá dentro do campo, onde as coisas realmente acontecem, a aula foi dada por Messi, por Xavi, por Iniesta e pelo seu treinador, Pep Guardiola. Dizer agora que Mourinho foi brilhante na derrota é pregar-lhe uma rasteira. O homem alimenta-se, exclusivamente, de sucessos. No dia em que as suas vitórias passarem a ser grandes exibições nas conferências de imprensa depois dos jogos, Mourinho estará acabado. Ao seu jeito, Mourinho sabe ganhar. Mas é certo que nunca será grande a perder. Faça-se justiça ao futebol do Barcelona, ao trato de bola, à dinâmica, ao rasgo individual, ao espírito colaborativo que mescla o génio com o sentido colectivo. Uma goleada destas não se contraria com mind games. Aprecio a retórica e a argumentação, mas do que eu gosto mesmo é de bola.

Programação Especial de Natal do Conselho de Ministros

Rui Rocha, 30.11.10

 

5 de Dezembro - Amado, Mudei a Casa (edição especial: remodelação das figuras decorativas do presépio da residência oficial do Primeiro-Ministro).

7 de DezembroPular do Express (com António da Geringonça).

9 de DezembroIsto é Circo (só com palhaços pobres).

10 de DezembroO Pantanal dos Hospitais (Ana Jorge ao vivo).

12 de Dezembro - O Menino Está Dormindo (Coro do Santo Desamparo de Oeiras).

14 de Dezembro - As Sandálias do PEC e a Dor (T. Santos mais morto que vivo).

16 de Dezembro - O Quebra-Posses.

18 de Dezembro - Pequenos Cantores – Gala do Sacaninha de Ouro.

20 de Dezembro - O Logro dos Cisnes (S. Pereira de tutu e S. Silva em pontas).

21 de Dezembro - Do Céu caiu uma Estrela.

22 de Dezembro - Os Três Reis Magros.

23 de Dezembro - Couro, Insucesso e Mirra.

24 de Dezembro - A Última Ceia.

25 de Dezembro - Saltos de Esqui (trampolim curto para alguns, trampolim longo para a maioria).

Nota: a tradicional Missa do Galo foi cancelada. O último frango da capoeira será servido na Ceia.

 

Convidado: FILIPE ANACORETA

Pedro Correia, 30.11.10

  

O que faz falta é mobilizar a malta

 

Em tempo de crise e logo após uma greve geral, a “Sociedade Civil” anda na boca de toda a gente. Chegou o momento, dizem, da grande mobilização, do grande empenho cívico. Contra o imobilismo e apatia geral, marchar, marchar.

O tema da “Sociedade Civil” tem tanto de fascinante, como de estranho.

Desde logo, parece encobrir uma escandalosa demissão.

Entende-se por Sociedade Civil, em geral, a esfera social que não é do Estado. Mas se a Sociedade Civil abdica do Estado, quem é que cuida do que é Público? Estará a Sociedade Civil condenada a assumir a posição de objecto, e não sujeito, das decisões políticas?

Surpreendo-me sempre com o atestado de menoridade com que tantos se parecem conformar.

O ponto nevrálgico e o canal de circulação entre a sociedade e as suas instituições tem no nosso sistema democrático uma casa: os partidos políticos.

Os partidos são associações. Ponto. Estão sujeitas ao direito civil, com ligeiras especificidades constitucionais, todas elas dirigidas ao reforço da sua autonomia e democraticidade.

Por seu lado, têm o monopólio de apresentação de candidatos à Assembleia da República, donde emana também em larga medida no nosso sistema a função de Governo.

Não obstante, em Portugal, como no resto na Europa, assiste-se a uma preocupante demissão da Sociedade Civil em “tomar partido”. As consequências são evidentes aos olhos de todos: desidentificação crescente entre eleitores e eleitos, desmobilização e indiferença diante do sistema político, descredibilização das instituições, que, por sua vez, se tornam incapazes de tomar o pulso à sociedade e mobilizá-la para os desafios com que nos enfrentamos (mais a mais em tempos de crise e de urgência como o que actualmente existe).

A principal responsabilidade por tal preocupante realidade não pode deixar de ser assacada, em primeiro lugar, à Sociedade Civil. É por demissão desta que tal é possível.

E colocada assim a questão, a Sociedade Civil tem que, antes do mais, definir qual é o patamar de emancipação a que aspira.

Não vale a pena multiplicar-se em desculpas. Enquanto virmos nos partidos a “casa dos políticos” estaremos fatalmente não só a renunciar à responsabilidade maior a que somos chamados em termos cívicos, como a encorajar a doença de dupla personalidade que opõe o Estado à Sociedade Civil, os eleitos aos eleitores, os governantes aos cidadãos.

Em tempos de grande mobilização importa lembrar que não basta clamar por empenho cívico. É preciso perceber onde é que esse empenho mais falta faz.   

 

Filipe Anacoreta Correia

A propósito da batalha no Complexo do Alemão

Rui Rocha, 30.11.10

O documentário 'Complexo - O Universo Paralelo', realizado pelos portugueses Mário e Pedro Patrocínio, foi distinguido ontem com o prémio 'Direitos Humanos' do Artivist Film Festival, nos Estados Unidos. O filme relata na primeira pessoa a vida destes dois irmãos, durante um período de 2007, no Complexo do Alemão. Neste momento, a sua exibição na televisão do serviço público, ou noutra, seria de extrema actualidade.

Enquanto isso não acontece, deixo aqui link para uma fantástica reportagem fotográfica sobre a batalha do Complexo do Alemão. Estas imagens valem por mil palavras.

Agora que a operação das autoridades está em fase de rescaldo fica a pergunta: foi dado um passo decisivo para derrotar o narcotráfico e a marginalidade, ou esta é uma guerra perdida contra uma realidade que se impõe à ordem pública e que lhe escapa entre os dedos?

Portugal, o apêndice do Mundial de Espanha

André Couto, 30.11.10

Saber-se-á ao início da tarde de 5.ª feira quem serão os organizadores dos Mundiais de Futebol de 2018 e 2022. A Candidatura Ibérica surge na linha da frente e, na minha opinião, será vencedora dada a influência de Angel Villar, Presidente da Real Federatión Española de Fútbol, nos meandros do futebol mundial. Só esta análise me levou a percorrer o site da Candidatura Ibérica e a ficar em estado de choque.

Qual cartão de visita, o símbolo da candidatura despreza totalmente os equilíbrios e regras da lusa bandeira, como é bem visível infra. O aspecto geral é quase o de uma candidatura espanhola mas, mais grave que isto, é o facto de a Portugal, com Lisboa e Porto, caber dimensão igual à da Galiza, com A Coruña e Vigo e metade (!?#!?*!?#) do País Basco (e províncias próximas) que candidatam Gijón, Santander, Bilbao e San Sebastián. A minha Lusitana Paixão explodiu imediatamente. Não percebo como se podem gerir e fechar negociações com este conteúdo, não percebo como nos pudemos submeter desta forma ao poderio espanhol. É óbvio que a única coisa que Espanha procurou em Portugal foram os votos da lusofonia, não percebo é como abdicámos de uma candidatura nossa por tão pouco. De conjunta esta organização pouco ou nada tem. É uma ajuda simbólica que prestamos entre o favor e a vassalagem.

 

 

Não vou dizer que quero que a Candidatura Ibérica, expressão utilizada por mero acaso, tenha um desfecho infeliz. Acho que é para nós uma vantagem e minimizará o desperdício que foi o investimento no Euro'2004, não que tenha discordado da candidatura mas por achar que o investimento foi exagerado e a visão curta, o que gerou com que estádios de luxo, construídos de raiz, estejam hoje cheios de ar, sendo um problema para os orçamentos de quem os sustenta. Alguns há que gerariam mais receitas demolidos.

Venha o Mundial, mas que se cubra de vergonha quem negociou esta candidatura.

 

(Adenda: Agradeço ao Luís Lavoura e ao João Pedro a correcção que me fizeram e que já reflecti no texto)

A aula de Mourinho

André Couto, 30.11.10

A conferência de imprensa de José Mourinho no fim do Barcelona-Real Madrid desta noite foi uma aula, uma lição de como levar cinco olés na casa do maior rival, virar a situação e terminar como se fosse o grande vencedor da noite. Sem nunca se exaltar, sem nunca cair nas escorregadias perguntas dos jornalistas sedentos de sangue, ainda terminou a refrescar os rostos frustrados com o recente Barcelona-Inter de Milão.

Se dúvidas houvesse e mesmo na noite em que levou cinco em Barcelona, Mou mostrou porque é Mou, um dos grandes treinadores da história do futebol mundial. Quanto à La Liga não tenham ilusões, podiam ter sido 10, o Real Madrid está lá na corrida para dar e durar.

 

 

PS. Nota lamentável fica na posse de Nuno Luz (jornalista da SIC) que, quando teve o privilégio de fazer uma pergunta, pediu para Mourinho traduzir para português a resposta que tinha dado à primeira pergunta. Quem assistiu, ouviu Mourinho falar um "portunhol" básico e não resistiu a vilipendiar o jornalista. Não hão-de os espanhóis gozar avidamente connosco...

O 'português técnico' da ministra

Pedro Correia, 29.11.10

Há muito tempo que não frequentava o Prós & Contras, da RTP. Um programa no qual, salvo raras excepções, o verdadeiro debate está quase sempre ausente, os consensos "moles" - tipo bloco central - prevalecem e costuma ser reservado lugar a um representante do Governo, não vá a gente esquecer-se quem é a entidade patronal do canal público. Faz hoje oito dias, por breves minutos, zapei para lá. Das duas uma: ou tenho muito azar ou de facto aquilo está cada vez menos recomendável.

No "uso da palavra", como antigamente se dizia, estava a ministra do Desemprego, Helena André. Que, ao preparar-se para comentar declarações de oradores anteriores, se sai com esta: "Houveram aqui algumas afirmações..."

Fiquei definitivamente elucidado sobre o calibre intelectual desta ministra, que usa o canal público de televisão para alardear a sua ignorância. Ela que até faz parte de um governo que se afirma muito apostado em promover a "qualificação" dos portugueses. "Houveram" tempos em que quem proferia calinadas destas não tinha sequer hipótese de ascender a um cargo de chefia intermédia na administração pública. Por uma questão de elementar decoro. E porque, como era de bom tom dizer-se, os exemplos que deviam ser seguidos vinham de cima.

Agora não: qualquer um chega a ministro. Depois do "inglês técnico" de José Sócrates, o admirável "português técnico" de Helena André. Porreiro, pá.

Portugal, Estado Social 2.0

Rui Rocha, 29.11.10

 

Muitos não terão dado por isso, mas Portugal é hoje um Estado Social 2.0. É claro que, tal como antes, tudo assenta na rede. De interesses, de compadrios e de cumplicidades que nem às paredes se confessam. Mas, o Estado Social 2.0 é muito mais do que isso. A evolução suporta-se no desenvolvimento de novas Plataformas que aproveitam os efeitos de rede para os tornar mais poderosos. Beneficiando uma certa inteligência colectiva. Desenganem-se. Este país não é para meninos. Nem para velhos. Nem para doentes. Nem para os que praticam o mérito sem rede. É um país para rapazes com acessos e largura de banda. Depois de estar na rede, é preciso ter conta numa das Plataforma disponíveis. Se possível, em várias. É certo que, nesta coisa das Plataformas, nem tudo são rosas. Há por aí laranjas podres. O HiddenFace Book já conheceu melhores dias. No BPN já não há amigos. A Plataforma do Aeroporto tem cada vez menos Otários. Até ver, o TGV é o maior sucesso. Quem não fizer login, perde o Comboio. Tomemos então a Plataforma TGV como exemplo. Por estes dias, a moda é substituir a fotografia por cartoons. Na Plataforma TGV também é assim. Seja. Vamos por aí. O Ministro Mendonça parece um Chapeleiro Maluco? Desorientado e louquinho pela ferrovia… Estão a ver mal! Se olharem com atenção para o boneco, verão que ele é o cocheiro de uma carruagem de interesses. E tem pressa de chegar. Na Plataforma TGV, está também um Coelho Relojoeiro. Fez de um hobby profissão. É o Hobby da Construção. No relógio do Coelho, os ponteiros giram sempre a grande velocidade. Em sentido contrário ao do interesse nacional. À medida que a corda do relógio acaba, a velocidade aumenta. E o tempo está a esgotar-se. A carruagem desenfreada que o Ministro Cocheiro conduz é a da Cinderela. Na Plataforma TGV, o Governo é representado pelo desenho da Fada Madrinha. Está bem gordinha, a fadinha. Há uns tempos colocaram-lhe uma Banda Gástica. Ainda faz uns passes de magia, mas já não tem poderes ilimitados. Um dia destes, vai ser uma Fada Magrinha. O feitiço da Cinderela termina quando soarem as badaladas do FMI. Ou das eleições antecipadas. Ou do Governo de Salvação Nacional. Ou do Congresso do PS. Ou do Carrilhão da Merkel, afinado pelos tacões do Sarkozy. Depois disso, a Cinderela será outra vez uma criada esfarrapada. Caso não tenham reparado, esta Gata Borralheira é o esboço que substitui a fotografia de um país. Incomparável. Com a Grécia, com a Espanha ou com a Irlanda… Até essa meia-noite fatídica, é preciso que o Príncipe fique embeiçado. Que a história de amor não tenha retorno. Que o negócio role sobre carris. Na Plataforma TGV, o desenho animado com mais amigos é um Banqueiro Forreta. Apesar de ainda ser cedo, já lhe mandaram as Boas Festas. Em português do Brasil, que por cá já não havia dinheiro para vales postais: “Oi. Está em linha? Feliz Natau, Mr. Scrooge. Tomara que Papai Noeu ponha um trenzinho em seu sapatinho”. E um par de botas. No Estado 2.0, as Plataformas são trampolins. Quem não salta, não é da malta. Os trampolineiros profissionais saltam mais alto e estão albardados com pára-quedas dourados. Neste Estado Social 2 ponto 0, o sítio certo para estar fica além do ponto. Onde quer que isso seja. Aí as vantagens são sempre multiplicadas por 2. Em contrapartida, aquém do ponto, tendem todas para zero. À esquerda e à direita. Dizem que este Estado Social 2.0 é colaborativo. É verdade. Até certo ponto. Os desempregados, os jovens licenciados, os párias, a classe média, os jornalistas, os desiludidos, os bons e os maus, os entusiasmados e os cansados, os solteiros e os casados, todos têm lugar nestas Plataformas. Cabe-lhes uma única e indispensável missão. Colaborar. Carregar no botão do polegar virado para cima: “Like”. O botão “Dislike”… ainda não foi inventado. Calha bem, porque o botão “Like” é que faz subir os que estão além do ponto. Os colaboracionistas recebem em troca um arremedo de protecção social. Embrulhado, com um laço, em títulos da dívida soberana. Até ao dia em que o Estado desamigar.

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