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Delito de Opinião

Ler

Pedro Correia, 31.07.10

Seria cómico se não fosse, comprovadamente, trágico. De Isabel Moreira, na Jugular.

Cavar a sepultura. Do Tomás Vasques, no Hoje Há Conquilhas.

Tão absurdo quanto trágico. De Paulo Marcelo, n' O Cachimbo de Magritte.

Batota barata. Do Daniel Oliveira, no Arrastão.

A mentirinha dos 350 milhões. De João Miranda, no Blasfémias.

Dois meses de espíritos escandalizados. Do Francisco José Viegas, n' A Origem das Espécies.

O nacional-proibicionismo. Do João Tunes, na Água Lisa.

Olé!? Da Joana Lopes, no Entre as Brumas da Memória.

Blogue da semana

Teresa Ribeiro, 31.07.10

Este blogue recomenda-se a pessoas com preocupações ambientais e sociais, espírito empreendedor e muito boa onda. Está associado a uma revista que oferece tudo isto e que ainda por cima é bonita. O próximo número sai amanhã para as bancas, mas como do conteúdo não constam prosas sobre as férias das Lilis e das Bibis e os casamentos e separações de apresentadores de concursos e estrelas de novelas, encontram-na só nos principais pontos de venda, como as FNACS, as Lojas da Galp e Centros Comerciais.

E pronto, agora que aproveitei para fazer publicidade à revista Gingko, já posso deixar-vos o link para o respectivo blogue, nosso blogue da semana.

Um miúdo, um cavalo, um cão

Pedro Correia, 31.07.10

 

 

Da minha infância guardo calorosas recordações de uns livrinhos escritos por uma autora com um belo nome que jamais esqueci: Cécile Aubry. Esses livros narravam as aventuras de Poly, um pónei, e do seu dono, um miúdo que teria a minha idade à época. As aventuras de Poly, a par dos álbuns de banda desenhada, ajudaram-me ainda em criança a ler e amar a língua francesa - o que viria a ser reforçado com a adaptação dessas histórias a uma série televisiva que me prendia a atenção dado o meu gosto de sempre por animais. O próprio filho da autora interpretava esta e uma outra série - Belle e Sébastien, em que o pequeno cavalo dava lugar a um grande cão.

Nunca mais ouvi falar em Cécile Aubry. Até esta semana, quando soube da notícia da sua morte. Antes de se dedicar à literatura infantil, como autora de grande sucesso, tinha-se destacado como actriz em filmes como Manon, de Henri-Georges Clouzot, hoje um clássico do cinema francês, e A Rosa Negra, ao lado de Tyrone Power e Orson Welles. O rosto correspondia ao nome: era uma mulher muito atraente - como se comprova pelas capas da Life e da Paris Match aqui reproduzidas - que, no entanto, não se deixou enredar nas malhas do show business.

Escrevo estas linhas e sinto que estou a discorrer sobre tempos pré-históricos: Cécile Aubry é um nome oriundo de um mundo que deixou de ser o nosso. Um mundo muito mais simples, em que uma tarde de Verão podia ser preenchida a ler exemplares da revista Tintim, romances como O Príncipe e o Pobre, de Mark Twain, ou as narrativas desta mulher que abandonou o cinema para encantar a minha geração com histórias de miúdos e dos respectivos animais de companhia.

Histórias de um mundo ainda sem computadores que deixaram um rasto de ternura imune à erosão do tempo e à voracidade de todas as modas.

 

 

De blogue em blogue

Pedro Correia, 30.07.10

1. Novo lay out d' A Douta Ignorância. Gosto.

 

2. Terra dos Espantos também com novo visual. Por mim, está aprovado.

 

3. Ana Lima no 2711. Mais um motivo para visitar este blogue.

 

4. Cristina Nobre Soares anuncia pausa que só terminará em meados de Setembro. Até lá.

 

5. Agradeço à Ana Gabriela e ao Luís Serpa as simpáticas referências que fizeram à série 'Os filmes da minha vida'. Que vai prosseguir aqui no DELITO.

 

6. Se há coisa que aprecio é alguém com sentido de humor. Alguém capaz de dar um nome destes a um blogue. Ou melhor: de não o dar.

 

7. Prosa puxa prosa: o texto "delituoso" da Margarida motivou a reedição deste, do João André, que também já foi nosso convidado. As palavras são como as cerejas. E os postais também.

Portugal do Bom - algumas sugestões

Ana Cláudia Vicente, 30.07.10

Um mergulho sob as cascatas da Misarela. Um bocado de história em Marialva. Caminhadas por São Jacinto. Um gelado na Emanha. Bailarico no Pinhal. Arroz malandrinho na Comporta. Uma romaria na Idanha. Uma noite em Marvão. Um poejo ou um medronho, algures entre Almodôvar e Odemira. Lapas acabadinhas de apanhar em São Jorge.

Convidada: MARGARIDA

Pedro Correia, 30.07.10

 

O Bryan Adams nunca soube, mas eu namorei com ele

 

Metade do meu ipod tem músicas dos anos 80/90. Nunca mais senti o que sentia quando Morrissey cantava "last night I dreamed that somebody loves me" e me dava ao luxo de deprimir, nas noites quentes de Agosto, férias entediantes e a pensar que o Carlos do quinto E, afinal, só me queria por causa do cubo mágico. Não há como a música do Prince para que as nossas hormonas (já por elas aos saltos) nos obrigassem a "Get off" abanando a anca pequena (bons tempos) na idade da inocência em que o microfone que as bailarinas lambiam era um microfone e nada mais... Ou o desespero do cadeado no telefone que não nos permitia telefonar à Susy e pedir-lhe para gravar o top mais (em VHS, claro) porque iria dar os "Europe", oh the final countdown, aquele cabelo, aqueles movimentos, senhores, que lindos que eles são (que feios que eles eram). 


E depois a Samantha Fox! Íamos ser assim, alma enorme e cabelo espetado, era só a nossa mãe não o cortar à tigela, íamos ser assim, giras, com a boca semi-aberta, a sussurrar "touch me" seja lá o que isso queria dizer. Namorei durante anos com o Bryan Adams, ele nunca soube de nada mas namorei. Tonight havia de ser a noite e nunca iria deixar que algum sentimento "cuts like a knife", ia tratar bem dele, era só o tipo apanhar a carreira e sair na minha zona, margem sul, autocarro 54, simples.

E depois, de chumaços enormes que não nos permitiam olhar para os lados, take on me dos Ah ah, sabiamos de cor, inovação total em termos de telediscos (sim telediscos) e - segurem-se, vou descer baixo - Tarzan boy, era terrível e andava na boca de toda a gente alternando com as aberrações "modern talking" que faziam uma dupla três D; ora de vez em quando pareciam um casal, ora agora são dois homens.

A Madonna era virgem, o festival da canção era um feito sem igual, o tabaco custava dezaseste escudos, a feira popular era o feito do ano e o cheiro preferido era do plástico dos cadernos no início do ano lectivo, início esse a que chegávamos emburrecidos de três meses de férias. Coma mental. Totalmente. Eu era a morena e tu podes ser a loura, amigas para sempre, vamos casar com dois irmãos para que não nos tenhamos de separar nunca, vou ser veterinária e modelo ao mesmo tempo. O meu melhor vai chegar, tenho o mundo todo para morder. Eram assim os anos oitenta. Bem giro.

Os anos oitenta passaram (a sério, eu sei), os anos noventa também, chegamos a 2010 e o Morrissey faz concertos no Poceirão, o cubo mágico é electrónico, o top mais foi substituido pela MTV, Prince cantou numa praia, os Europe venderam o cabelo para extensões e foram trabalhar para o talho do sogro, Samantha Fox anda com afrontamentos, o nosso cabelo não é à tigela mas o espetado já não se usa, Bryan Adams? quem é esse tipo?, não quero falar no preço do tabaco nem sequer no emburrecimento das férias que alastrou ao ano inteiro provocando nos adolescentes de hoje um vazio de ambições. Ninguém quer ir para nada, não há ambições, os veterinários estão no desemprego e já nem sequer se pode ir para dentista; ninguém hoje tem dentes para morder o mundo...

 

Margarida

Para lá da propaganda

Pedro Correia, 30.07.10

Sherlocks à portuguesa

Pedro Correia, 29.07.10

Em seis anos de investigação sobre o caso Freeport, o Ministério Público não teve tempo para registar as respostas que o ex-ministro do Ambiente José Sócrates estaria certamente pronto a dar a 27 pertinentes perguntas sobre o tema. O que parece dar razão ao juiz Rui Rangel, que esta noite, no telediário da RTP2, afirmou sem rodeios: "Há que repensar o papel do Ministério Público no domínio da investigação criminal." Enquanto isso não acontece, seria útil contratarem novos peritos em material tecnológico. Só para evitar que futuros "problemas no sistema central de gravações" voltem a impedir a realização de escutas a suspeitos, como sucedeu entre 26 de Fevereiro e os primeiros dias de Março de 2005, também no caso Freeport. Uma chatice.

 

ADENDA - Vital Moreira, fiel ao seu estilo, prefere matar o mensageiro. Nada de novo.

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