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Delito de Opinião

Coisas práticas

Cristina Ferreira de Almeida, 28.04.09

- Se faz favor, para o Pingo Doce?

- A senhora vai sempre em frente. Quando chegar à rotunda vira à esquerda e depois  é passando o "porreiro pá" logo à direita.

- Ora bolas, tinham-me dito que era depois do Vital Moreira e já tive que dar uma volta enorme...

- Isso foi alguém que não é de cá  e fez confusão, de certeza. O Minipreço é que é logo a seguir ao Vital Moreira. Mas é o Minipreço...

Bloco central

Jorge Assunção, 28.04.09

Apelo

André Couto, 28.04.09

 
Fonte "ultra fidedigna" comunicou-me que esta linha visa ajudar a Dra. Manuela Ferreira Leite a superar um problema de solidão que se tem vindo a agudizar nas últimas semanas.
Muitos dos que foram eleitos consigo viraram costas e muito do eleitorado tradicional do PSD tem-se transferido para outras cores, o que tem deixado a líder cada vez mais sozinha e com medo que os poucos que sobram abandonem o barco.

Devemos ter especial sensibilidade por esta mensagem ser eminentemente para dentro do Partido, um apelo desesperado para evitar a debandada geral.


Sejamos solidários com a sua causa.

Europeias (12)

Pedro Correia, 28.04.09

 

 

 NADA A VER

 

Pacheco Pereira tem andado muito distraído, a contemplar o banco de jardim do Alto de Santo Amaro. Talvez isso explique o tom eufórico com que garante, no seu blogue, que só agora Zapatero apresentou o cabeça de lista do PSOE às europeias. Anda nove meses atrasado, o ideólogo de Manuela Ferreira Leite. Desde Julho de 2008 que era conhecido esse cabeça de lista - Fernando López Aguilar, ex-ministro da Justiça de Zapatero e actual secretário-geral dos socialistas das Canárias. Nada a ver com 14 de Abril de 2009, a data que Ferreira Leite escolheu para apresentar o cabeça de lista do PSD às europeias. 

Diz que disse que não disse

Pedro Correia, 28.04.09

Manuela Ferreira Leite voltou a meter os pés pelas mãos. Como quando falou em suspender a democracia por seis meses ou sustentou que não deviam ser os jornalistas a seleccionar as notícias que difundem. Entrevistada ontem por um Mário Crespo que se excedeu em benevolência, no prime time da SIC, a presidente do PSD abriu a porta a um entendimento com o PS para um futuro governo de Bloco Central, confirmando que as divergências com José Sócrates são de forma e não de fundo. Como tem vindo a ser hábito, não tardaram os oficiosos hermeneutas de serviço a traduzir as palavras de Ferreira Leite, procurando interpretar o seu verdadeiro pensamento sobre a matéria: diz que disse que não disse. É um clássico, desde que a ex-ministra das Finanças ascendeu ao posto supremo do partido: os seus apaniguados tremem cada vez que abre a boca. Confirma-se: a senhora não é fadada para estas lides. O PS só pode agradecer ao PSD. Espero sinceramente que Sócrates não seja ingrato.

 

ADENDA 1. Por tudo isto, não admira que personalidades do partido, como Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes, Pedro Passos Coelho e Nuno Morais Sarmento confessem não se ter dado sequer ao incómodo de ver a entrevista. E admira ainda menos que os votos de comunistas e bloquistas, conjugados, andem muito perto dos do PSD.

 

ADENDA 2. Curiosa, cada vez mais curiosa, a simetria entre José Sócrates e José Pacheco Pereira. Um queixa-se da 'campanha negra' contra ele, o outro queixa-se da 'campanha 'contra a líder dele. Desta vez, ao menos, Pacheco dispara contra "os jornalistas" em geral, sem fazer discriminações: a 'conspiração' é global. Aqui entre nós, que ninguém nos ouve, isto anda tudo ligado. E o Elvis não morreu: foi raptado por marcianos.

A sedução do poder

Pedro Correia, 27.04.09

 

 

 

Juan Luis Cebrián é uma referência importante no jornalismo europeu. Pelo papel que teve na fundação e consolidação do El País como principal jornal espanhol - e também pela sua acção como pedagogo, revelado enquanto autor de obras como Cartas a um Jovem Jornalista. Por tudo isto, foi enorme a minha decepção ao ler ontem, no El País, um texto dele sobre Nicolas Sarkozy que mais não é do que um desabragado panegírico ao Presidente francês. Um texto que descredibiliza a reputação de Cebrián, a tal ponto que pode apresentar-se, em futuras cartas a jovens jornalistas, como exemplo evidente do que não se deve escrever.

Seguem alguns trechos desta longa conversa entre Cebrián e Sarkozy, intitulada 'O Poder e a Felicidade':

 

- "Estamos en los jardines del Elíseo en torno a un café y en mangas de camisa, bajo un sol de primavera del que se defiende con unas rayban de cristales ahumados que ocultan sus ojos claros, transparentes, embaucadores hasta la seducción. Es fácil sucumbir a ella."

- "De acuerdo al catecismo, mentir es decir a sabiendas lo contrario de lo que uno piensa con intención de engañar o confundir al prójimo, convencido estoy de que Nicolas Sarkozy no es, desde luego, de los que mienten."

- "El es ahora dueño de su tiempo, lo regula, lo ordena, discurre por él con un aire de seguridad que no exhalaba cuando era candidato. El poder le ha cambiado, para mejor, como si le hubiera incitado a transcurrir la distancia que media entre el homo faber y el homo sapiens.

- "Vi al presidente francés más sólido, más tranquilo, más seguro de sí mismo, más decidido que nunca a implantar sus reformas. Más contento también."

 

Leio esta autêntica peça de propaganda ao Presidente francês e questiono-me, como outras vezes já fiz, sobre o que levará tantos profissionais da informação - incluindo alguns dos mais conceituados - a sucumbir com aparente facilidade aos mecanismos de sedução do poder. Por cada Bob Woodward, que se mantém como jornalista tantos anos depois do caso Watergate, surgem oito Cebriáns - ou nove, ou dez, que cedo trocam as redacções pelas administrações de órgãos de informação e passam a encarar o poder político com olhos cúmplices, perdendo a perspectiva crítica que outrora cultivavam.

Há muitas formas de desprestigiar a profissão. Esta é uma das mais eficazes. E uma das mais letais - por vir de dentro.

Já começou a chantagem (2)

José Gomes André, 27.04.09

Que paridade???

João Carvalho, 27.04.09

A propósito do desaguisado que opôs Ana Gomes a Manuela Ferreira Leite, a propósito das "negociações" entre Alberto João Jardim e o PSD sobre candidatos(as) elegíveis, a propósito dos "piropos" que ainda estão para vir — a propósito, enfim, das candidaturas femininas impostas e desse inesperado número de mulheres obrigadas a entrar à força na política — receio bem que a lei da paridade só contribua para umas valentes e escusadas "peixeiradas".

Oxalá eu me engane, mas ainda estamos na pré-campanha e há já vários episódios que se dispensavam. De resto, se querem saber, nem vejo onde está a tal paridade. Uma mulher para cada dois homens? Isso é que é paridade? Pois a mim parece mais ménàge à trois...

Cem mil leitores

Pedro Correia, 27.04.09

Aabamos de atingir a cifra dos cem mil leitores, o que muito nos satisfaz. Com 1023 visitas diárias e 3708 páginas consultadas por dia, em média. E 5,24 minutos de permanência por leitor, também em média - o que é um sinal evidente de que não falta quem aprecie o que vamos escrevendo. Além de ligações a cerca de 280 blogues, de Portugal e do estrangeiro. Menos de quatro meses após termos iniciado este DELITO DE OPINIÃO.

Razões de sobra para continuarmos. Com tanto ânimo como até aqui.

Dos livros

Ana Margarida Craveiro, 27.04.09

Um dia destes, um amigo dizia-me que um escritor atinge a sua qualidade máxima por volta dos 36 anos. Depois, é sempre a cair. Este fim-de-semana, li que o Ian McEwan está a escrever um romance sobre as alterações climáticas. Depois do Le Carré e do José Rodrigues dos Santos, eis que a escassez dos recursos chega ao feudo mais canonizado da literatura contemporânea. Confesso que leio as obras mais recentes de McEwan por preguiça de abandono: não gostei de Saturday (pobrezinho, previsível, demasiado correcto), nem de On Chesil Beach (infantil, quase). Parece-me que tenho o argumento final para o deixar nas prateleiras: os 36 anos de McEwan já lá vão. Resta a pergunta: para quando o romance sobre a gripe suína?

Europeias (11)

Pedro Correia, 27.04.09

 

 

 TOCA A ACHINCALHAR

 

Li este texto uma vez, e outra. E tive grande dificuldade em acreditar no que lia. Parece-me inconcebível que uma candidata ao Parlamento Europeu, órgão político que deve ser o reduto supremo da cidadania, aluda assim a uma dirigente política só porque esta cometeu o pecado de pertencer a outro partido. Mais que isso: concebo mal que uma mulher se dirija assim a outra mulher, sendo ambas políticas. Isto porque fui escutando, ano após ano, como justificação definitiva para a introdução de quotas sexuais nas listas eleitorais, que as mulheres têm uma forma muito diferente dos homens de estar na política. São mais elegantes, mais cordatas, menos explosivas, menos cavilosas, resistem sem dificuldade à tentação de achincalhar o adversário - presumia eu. Enganei-me redondamente: Ana Gomes acaba de me demonstrar até que ponto eu estava errado.

 

ADENDA: Vital Moreira, cabeça de lista do PS e parceiro de blogue de Ana Gomes, reitera aqui a sua aversão aos ataques pessoais na política. Nada mais a propósito: só posso concordar. Ressalvando, naturalmente, o que assinalei aqui.

Quem se vê na TV (14)

João Carvalho, 27.04.09

Os falantes-em-teu-nome

São muito interessantes, à frente de uma câmara de televisão e de um microfone. Os falantes-em-teu-nome nunca respondem às perguntas do interlocutor, mas explicam ao interlocutor o que o interlocutor seria se o interlocutor fosse como eles.
É difícil entender o que lhes vai na mente: tanto pode ser modéstia, como pode ser imodéstia. Modéstia por não falarem deles ou imodéstia por assumirem uma atitude mais professoral, visto que se escusam a responder, mas manifestam grande preocupação por ensinar aos entrevistadores o que eles perderam por ser entrevistadores e não ser o que eles são.
Este grupo é, na sua esmagadora maioria, constituído por artistas. Podem ser actores, pintores, cantores, etc., mas artistas quase sempre, autores incluídos. Intelectuais, enfim. Os falantes-em-teu-nome tratam frequentemente os interlocutores por 'tu' e são conhecidos pelo modo desenvolto como se colocam no lugar destes. Pode ser assim:
Entrevistador – Ao fim de tantos anos de teatro, o que é que sente quando pisa o palco?
O falante-em-teu-nome – É difícil explicar. Ficas sempre como se fosse a tua  primeira vez, sentes aquele formigueiro pelo teu corpo acima. De repente, estás noutro lugar, não és tu, começas a encarnar o teu personagem, percebes?
Também pode ser assim:
Entrevistador – O que é que quiseste mostrar nesta tua segunda exposição?
O falante-em-teu-nome – Bem, tu sabias que tinhas de alargar os teus horizontes, que tinhas de apresentar uma pintura que estendesse o olhar das pessoas até onde querias ir, percebes? Como se tivesses sido conduzido por um impulso repentino que te fez ir mais além do que tu próprio julgavas que ias.
Ou então:
Entrevistador – O título mais recente é já um novo sucesso. Como é que começa um livro?
O falante-em-teu-nome – Nunca sabes quando vai acontecer, percebes? Um dia acordas como se tivesses sonhado com a história que tens dentro de ti, começas a escrever e sentes que é uma coisa imparável.
São muito interessantes, os falantes-em-teu-nome. Dá vontade de apanhar um e perguntar-lhe: «Como tem sido a tua vida de casado?» A resposta adivinha-se:
– Ah... Chegas a casa e ela está lá à tua espera, percebes?...

Os "repetidos" e os "dificílimos"

J.M. Coutinho Ribeiro, 27.04.09

Quando era miúdo, um dos meus passatempos era coleccionar cromos da bola, numa caderneta que dava direito a prémio quando completa. Trocava os "repetidos" - os que estavam sempre a sair - com os meus amigos e havia os "dificílimos", aqueles que raramente saíam e que, praticamente, inviabilizavam o prémio. Por vezes, trocávamos os "dificílimos" por uma série de "repetidos", sempre no afã de completar a caderneta e ganhar a bola brilhante que o estabelecimento ostentava. Leio, agora, que a PSP se prepara para lançar uma variante dos cromos, só que agora já não da bola, mas do crime. Lê-se, no JN, que várias esquadras do país estão a impor "números-base" de detenções a fazer até ao fim do ano.

Estou a ver os polícias:

-  Então, já detiveste este?

- Ora, esse é "dificílimo". Mas tenhos alguns "repetidos" para a troca...

- Ora, esses toda a gente detém...

- Troco 10 "repetidos" por um "dificílimo".

- Bem, deixa-me pensar...

(Palpita-me que todos vão completar a caderneta. Porque, neste jogo, os "repetidos" valem tanto como os "dificílimos"...)