A rosa em Espinho (3)
Muito se tem falado em "maioria absoluta", como se o PS a merecesse. Inútil falar tanto. Uma palavra de Manuel Alegre pode ser mais decisiva nesta matéria do que todos os discursos que José Sócrates for deixando pelo caminho.
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Muito se tem falado em "maioria absoluta", como se o PS a merecesse. Inútil falar tanto. Uma palavra de Manuel Alegre pode ser mais decisiva nesta matéria do que todos os discursos que José Sócrates for deixando pelo caminho.
O congresso do PS foi interrompido ontem ao fim do dia pelo apagão no recinto em que decorria. Não houve capacidade tecnológica que resolvesse o caso e o dia acabou assim mesmo, porque a luz não regressou.
Cá fora, toda a gente tinha algo a dizer, com algumas figuras mais destacadas a aproveitar o transtorno para dar palpites em sentido figurado. Porém, não houve farol que iluminasse outro sentido que não fosse o da saída de cena.
1. Poderá ser uma escolha controversa, mas por favor não repitam a observação de Pedro Marques Lopes na SIC-N: “É um intelectual que não sabe falar para as pessoas normais (sic)”. Os analistas queixam-se de que os políticos portugueses são medíocres, não têm qualidades éticas nem intelectuais, e que a vida partidária está divorciada da sociedade civil. Porém, logo zombam quando surgem candidatos como Vital Moreira, com um excelente percurso académico, integridade, indiscutível conhecimento dos temas e que não só não é um militante do PS como tem de facto um percurso de vida ligado à sociedade (e não particularmente aos partidos).
O congresso do PS serviu para clarificar muito bem os inimigos políticos de Sócrates. Ou seja, os autores da campanha negra. O combate político vai subir de tom e descer de nível. É bom que Manuela esteja preparada porque, aos poucos, vai ficando frente-a-frente com Sócrates. José e Manuela, cada qual com o seu exército. O Primeiro-Ministro e a pivô do jornal de sexta-feira da TVI.
Concordo e acrescentaria mais duas ou três palavras. Não estamos propriamente perante um devaneio político. Joga-se à defesa porque se sente essa necessidade. Esta opção vem reconhecer que entretanto se esgotaram outras soluções, ainda que temporariamente. Jogar à defesa pode ser eficaz no seio da tribo, mas é uma solução táctica com eficácia limitada para além das suas fronteiras.
Não se ganham eleições com maioria absoluta a jogar à defesa. José Sócrates sabe isso melhor do que ninguém. Resta saber se conseguirá passar, de novo, da defesa para o ataque. Tenho dúvidas. Vão longe os tempos do cheque em branco.
Gostei de ler este oportuno e certeiro apontamento da Ana Vidal no Risco Contínuo. Sobre «a festa imoral» dos 85 anos de Mugabe e a sua «longevidade impressionante». E dispensável, digo eu.
Ao Espelho Mágico.
Eu tinha avisado aqui que poderia haver uma pequena surpresa em Espinho. O João Carvalho e o Pedro Correia perceberam onde ela podia estar e acertaram!
Não sou bruxo, nem tenho bola de cristal, apenas tive a sorte de estar na hora certa, no local certo.
Acredito que, para muitos leitores, a escolha de Vital Moreira tenha sido uma surpresa. Não para mim, que conheço bem como Sócrates premeia os seus fiéis e me habituei a “ler” os encómios diários do Professor de Coimbra como um sinal .
De qualquer modo, apreciei a encenação de Vital Moreira, com o seu discurso do sacrifício. Nada que me surpreenda, também, mas como gosto de teatro…