A Zita socialista
«Vital Moreira é a Zita Seabra do PS.»
(Pedro Marques Lopes na SIC-Notícias, em balanço do XVI Congresso do PS.)
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
«Vital Moreira é a Zita Seabra do PS.»
(Pedro Marques Lopes na SIC-Notícias, em balanço do XVI Congresso do PS.)
Acabado de anunciar por José Sócrates: Vital Moreira é o cabeça-de-lista do PS às eleições europeias. O que explica muitas coisas — nem todas abonatórias — relativas às opiniões que o escolhido tem andado a emitir.
Mais interessante do que a escolha foram as palavras de Sócrates quando preparava o anúncio: o PS não considera as eleições europeias menores e elas irão servir para os portugueses se pronunciarem sobre a União Europeia. Quer dizer: a eleição deste ano para o Parlamento europeu substitui o referendo sobre a Europa que Sócrates prometeu e não cumpriu. Deve ser isso.
Horas e horas e horas e horas de emissão televisiva, que tenho evitado cuidadosamente, só com a reunião socialista em Espinho. Como se alguma coisa se debatesse por aquelas bandas. Significativamente, a figura deste congresso nem se dignou lá pôr os pés. E fez Manuel Alegre muito bem.
Manuel Maria Carrilho reapareceu hoje à frente de um repórter televisivo, em Espinho. Disse que era preciso «fazer renascer os Estados Gerais, reinventar os Estados Gerais», por não ser bom enfrentar uma situação nova «com ideias velhas». Não sei se José Sócrates terá gostado desta reencarnação.
Na mesma semana em que Alexandre Relvas apela à unidade no seio do PSD, José Pacheco Pereira anda entretido a fazer avaliações de carácter sobre Pedro Passos Coelho.
Sempre de boca cheia com a retórica e a pose de sentido de Estado, na altura em que é confrontado com uma cimeira informal da UE que colide com a sua agenda interna José Sócrates opta por falhar a reunião em Bruxelas. Esclarecedor.
Vasco Pulido Valente entende que Manuel Alegre não tem muito mais tempo político para gerir a sua ambiguidade (Público, 28.2.2009: 40). Acho que está enganado. Alegre não tem pressa absolutamente nenhuma. Quem necessita que Alegre clarifique a sua posição é José Sócrates, pressionado pelas eleições legislativas que se aproximam.
É claro que a determinada altura a criação de um novo partido deixará de ser uma carta no baralho. Restam outras e algumas poderão ainda causar danos relevantes a Sócrates.
José Sócrates discursou uns 50 minutos, ao final da tarde de abertura do congresso do PS. Pelo meio, lá estava a defesa dos investimentos públicos que o governo deve fazer, num rol em que incluiu barragens, telecomunicações, etc., o que me deixou perplexo: essas áreas não são de investimento privado (EDP, PT, etc.)?
O discurso estava escrito, foi pensado. Se o primeiro-ministro fala abertamente de actos de gestão dessas empresas — que, por muito públicas, são em rigor privadas — por que razão é que o governo se escusa a falar dos negócios da Caixa, escudado no que chama actos de gestão, na qual é o único accionista? O governo anda a fazer caixinha e isso é mau sinal, muito mau.
Dizem-me que o PS está reunido em congresso. Em Espinho, nome adequadíssimo ao partido da rosa. Não tenho acompanhado a referida reunião, aliás certamente destinada a debater coisa nenhuma, mas já fui brindado com alguns comentários à dita cuja. Escutei alguém preocupadíssimo com o futuro político de José Sócrates, alertando os portugueses para o "perigo" de não haver maioria absoluta na próxima legislatura: por momentos, imaginei este eminente vulto a emitir um apelo à ressurreição da defunta União Nacional. Escutei também uma isentíssima análise de alguém que dá já como garantida a renovação da maioria socialista, esquecendo que todo o mundo é composto de mudança: por momentos, imaginei tão imparcial analista proclamando aos indígenas que o S de Sócrates é sinónimo de sucesso. E exibindo até essa consoante gravada na fivela do cinto.
O politólogo Pedro Magalhães (do Centro de Sondagens da UCP e Professor do ICS) apresenta no Margens de Erro uma série de excelentes gráficos sobre a correlação entre o comportamento eleitoral e vários dados demográficos e socio-económicos. Em países como os Estados Unidos ou a Inglaterra esta é uma prática comum, que permite avaliar com bastante rigor características importante do eleitorado e das bases de apoio que sustentam os vários partidos, mas infelizmente no nosso país são raros os estudos deste tipo. Iniciativas deste género merecem pois todo o destaque...
«Pare a diarreia. Antes que a diarreia o pare a si.»
Não sei falar sobre mim. Nem gosto, aliás. Mas, ao segundo pedido, não há volta a dar. Assim, aqui vão seis coisas minhas, confirmadas (para horror deles) por família e amigos:
1. Não falem comigo de manhã. Se o fizerem, arriscam-se a levar com um tijolo de sistemas eleitorais mistos. E não, não interessa se já acordei há várias horas. Até ao almoço, o dia é passado em silêncio.
2. Tenho uma estranha forma de ler, dizem-me. "É sempre a pessoa que leu mais livros da sala.", dizem os meus amigos.
3. Adoro conversar à mesa. Uma refeição não serve só o estômago.
4. Uma vez passada a má discussão matinal, sou uma pessoa sempre bem disposta. Até à manhã seguinte.
5. Se não estou a ler, estou a ver bons filmes. É uma mania.
6. Sou uma colónia de café. Motivo para ir ao supermercado? Café.
Ao cuidado do Vital Moreira e do Hugo Mendes: o relatório do desemprego do eurostat de Março de 2005 (para comparar com o de Janeiro de 2009 a que fazem referência). Com isto talvez possam verificar que desde o momento em que o querido líder passou a ocupar a cadeira do poder, a posição de Portugal em matéria de desemprego no contexto europeu piorou. De resto, no que parece ser a opinião de ambos, folgo em saber que a culpa da taxa de desemprego não é do governo. É coisa com a qual, dentro de certas condições, estou disposto a concordar (embora algo me diga que os dois teriam leitura diferente caso a situação fosse a inversa). Entretanto, ando a rever textos de ficção datados de Janeiro de 2005: Sócrates promete um país com mais empregos e menos pobres e Sócrates promete crescimento de 3 % e quer recuperar 150 mil empregos.
O Sócrates está gordo. Dou-lhe mais um ano para apanhar o Costa.
Ontem, no recato de um dos segredos mais bem guardados da noite de Lisboa, tive oportunidade de “assistir” a uma ante-estreia do Congresso de Espinho. (Tanto quanto me foi permitido perceber, o mar revolto de Espinho reserva uma pequena surpresa…) Bem, mas isso agora não interessa nada.
Não sei se por mero acaso, ou sentido de oportunidade de quem escolhia a música ambiente, emergiram, fora do contexto, os acordes de uma canção italiana que fez furor nos anos 60: A Casa di Irene.
Para quem não conheça, aqui fica o link.
Na versão espanhola, de Gian Franco Pagliari, para melhor apreciarem as imagens e a letra.
Ainda na sequência dos livros apreendidos pela PSP em Braga, alguém escreveu agora (e muito bem) o seguinte: «Sucede que todo o barulho que se fez a este propósito contrasta com todo o barulho que não se fez quando, a 5 de Janeiro, um rapaz de 14 anos foi morto com um tiro na cabeça (...) por um agente da mesmíssima PSP.»
A mesma autora (porque de uma autora de trata) acrescentou ainda:
«O rapaz, Elson Sanches - ou Kuku - era negro, vivia num dos últimos "bairros de lata" do País e, afiançou-se (com base na informação policial), um delinquente.»*
Adivinham quem é a senhora que escreveu isto? Eu digo:
A senhora, Fernanda Câncio — ou f. — é branca, vive numa das primeiras urbes do País e, afiança-se (com base na informação possível), não distingue as pessoas pela cor da pele.*
* — Os itálicos são da minha responsabilidade.
As companhias aéreas low cost combatem a crise cobrando aos passageiros as idas à casa de banho!
Já estou a imaginar o novo slogan da Ryanair: Vá a Londres pelo preço de um xixi!
Em Dezembro, Miguel Cabrita ironizava com o "plebiscito" no CDS que entronizou Paulo Portas novamente como líder do partido. As palavras que então usou poderiam ser utilizadas agora para o PS, onde José Sócrates acaba também de ser "plebiscitado" como Líder Supremo. Mas - surpresa ou talvez não - o bom do Miguel agora usa um critério diferente. Foi-se a ironia, foi-se a ilustração com o Rato Mickey, instalou-se o respeitinho muito cordato. E o dedo deixa de ser apontado ao dirigente máximo do partido - passa a visar a oposição interna. Reparem nesta pérola, que isenta Sócrates invertendo o raciocínio usado em relação a Portas: "A legitimidade das oposições internas, e em particular de quem se assume como tal semana sim, semana não, fica fortemente diminuída quando a sistemática contestação e a ruidosa proclamação de divergências não se materializa numa alternativa real."
Cada vez mais admiráveis, estas "análises de fim de semana", como muito bem lhes chamou o Tiago Barbosa Ribeiro.