Para tudo há um preço
São palavras de José Sócrates, impressas há exactamente 28 dias, no jornal Público. Palavras, como tantas outras deste primeiro-ministro, destinadas a figurar numa espécie de antologia muito particular. Nem um mês decorreu e já a poderosa Telefónica passa a liderar o mercado brasileiro de telecomunicações após adquirir a participação da PT num raide digno dos filmes do Rambo. Diferença: oferecia 7,15 mil milhões de euros, mas acabou por oferecer 7,5 mil milhões. Olé.
Sócrates, como sempre ocorre quando é ultrapassado pelos acontecimentos, congratula-se com o sucedido: "Valeu a pena ter resistido às pressões." Já está esquecido das suas próprias palavras, aparentemente tão categóricas, dadas à estampa no início do mês. Ficam reimpressas aí em cima, com a devida vénia: a função dos blogues é também a de reavivar permanentemente a memória dos leitores. Entretanto, ficamos a saber qual é o valor exacto dos "interesses estratégicos do País", na óptica do primeiro-ministro: 350 milhões de euros. Razão tinha o outro: para tudo há um preço.
ADENDA: Em matéria de nacionalismo económico, o Brasil dispensa lições portuguesas. Como sempre foi óbvio. (Via Blasfémias)