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Delito de Opinião

Estou mal habituado

João Carvalho, 12.07.10

Se me disserem que eles são manetas, juro que peço perdão e respeitarei este texto escrito com os pés. Felizmente, o que lhe falta para ser escorreito é compensado pelo tamanho. Curto e estapafúrdio, portanto.

Aquela rapaziada é teimosa como um burro e tem manifesta dificuldade para entender uma coisa muito simples: que o DELITO DE OPINIÃO só é partidário da inteligência e que há-de continuar a mover-se livremente.

Inconsoláveis nessa sua limitação para descobrir sozinhos o que é evidente e chorosos por não poder trepar paredes nem coçar a urticária sem autorização superior, sujeitam-se à chacota permanente. Mais lhes valia gastar o tempo a comer pizzas com extra-queijo.

Oxalá lhes paguem bem, mas precisam de se esforçar mais para o merecer ou sujeitam-se a cair antes de chegar ao fim do arame. A sombra do desemprego que se aproxima é dramática, eu sei, só que escusam de mostrar serviço à minha custa, pois não tenho pachorra para alimentar 'abrantinices'.

Por mim — que sou pessoa recolhida, que nunca passei perto da soleira da porta do partido que os enerva, que só conheço as lideranças partidárias e respectivas entourages pela comunicação social e, sobretudo, que tenho a sorte que eles desconhecem que é a de pensar e concluir pela minha cabeça — podem ficar calmos que não irei dar-lhes corda.

Não que lhes ache alguma gracinha, que não acho, mas porque estou muito mal habituado: só alimento o confronto com iguais ou melhores.

 

ADENDA — Ora ainda bem que me fiz entender.

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