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Delito de Opinião

A ver o Mundial (16)

Pedro Correia, 12.07.10

Este foi o melhor Mundial de Futebol desde o de 1986 - o de Maradona e Valdano, conquistado contra os alemães no estádio Azteca, da Cidade do México. Nenhum outro, de então para cá, teve o condão de me prender tanto à TV. Sobretudo nenhum outro, desde então, revelou tantos artistas da bola, vários dos quais integrados na selecção vencedora - a de Espanha, que bateu a Holanda numa final tensa e disputada palmo a palmo, com excesso de faltas e alguma escassez de discernimento, com Robben a falhar escandalosamente um golo e Villa desta vez sem a ponta de sorte que o foi acompanhando no decurso do torneio. Mas um solitário golo de Iniesta, já no prolongamento, deu à Espanha o primeiro Mundial da sua história, dois anos depois de ter conquistado o Europeu.

É um justo prémio. A equipa treinada por Vicente del Bosque demonstrou o melhor conjunto de exibições colectivas, servidas por inegáveis talentos pessoais. Enquanto Portugal experimentava mais de 50 jogadores nos desafios da fase de qualificação, Espanha manteve a sua estrutura-base, com atletas que actuam juntos desde os sub-17. Um trabalho de fundo - prolongado no tempo, perseverante nos métodos e ambicioso nos objectivos - que acaba de colher os seus frutos.

Alguma vez saberemos o que isto é? 

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Quadro de honra - A Espanha, com a fúria de sempre mas mais astuciosa do que no passado, foi a melhor selecção. Gostei muito também da Holanda, justa finalista. A Alemanha, que conquistou a terceira posição, demonstrou ter tão boa técnica como disciplina táctica. Mas o futebol que mais me apaixonou foi o latino-americano. O Uruguai, que luta sempre pela vitória. O elegante Chile. O tenaz Paraguai. O combativo México. Sem esquecer a Argentina, sobreavaliada pelos habituais comentadores de serviço. Duas boas surpresas: o Gana e os Estados Unidos.

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Quadro negro - A França qualificou-se fraudulentamente, com um golo contra a Irlanda que nunca deveria ter sido validado. Teve o castigo merecido: uma das participações mais negativas de que há memória numa fase final de um Mundial. Regressou a casa entre apupos unânimes. E alguém deu pela Itália - campeã do mundo em 2006 - na África do Sul?

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Decepções - O Brasil de Dunga, o Portugal de Queiroz: selecções irmãs. Na manifesta falta de ambição e na relativa falta de talento. Ressalvo as exibições de Eduardo e Fábio Coentrão, entre os portugueses, e de Maicon, por bandas dos brasileiros.

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Os melhores - Muitos e bons, felizmente. De Espanha - Casillas, Piqué, Puyol, Ramos, Iniesta, Fábregas e um fabuloso trio: Xaví, Iniesta e Villa. Da Holanda - Robben, Sneijder e Van Persie. Da Alemanha - Özil, Lahm, Müller e Schweinsteiger. Do Uruguai - Forlán, Cavani, Lugano e Luis Suárez. Da Argentina - Higuaín. Do Gana - Gyan. Do México - Giovani dos Santos. Dos EUA - Donovan.

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Os piores - Torres foi, pela negativa, a excepção espanhola. Ultrapassado, no entanto, por vários outros de quem se esperava muito e ofereceram quase nada. Kaká, do Brasil. Drogba, da Costa do Marfim. Eto'o, dos Camarões. Lampard e Rooney, de Inglaterra. Cristiano Ronaldo, de Portugal. E toda a selecção francesa, com Ribéry à cabeça.

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Para lembrar - Ficou demonstrado que o Campeonato do Mundo de Futebol também pode realizar-se em África. Muitos duvidavam. Estavam enganados.

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Para esquecer - As vuvuzelas.

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