A ver o Mundial (15)
Jogo aberto, com boa nota no plano técnico e quase sem momentos mortos. Suspense no resultado até ao último instante. Cinco golos marcados alternadamente em cada baliza. E a confirmação de que alguns dos jogadores que protagonizaram esta partida figuram entre os melhores do Mundial que hoje termina. Forlán, Luis Suárez e Cavani, pelo Uruguai. Müller, Özil e Schweinsteiger, pela Alemanha.
Assim se desfez um dos mais disparatados lugares-comuns que é costume ouvir nestas alturas: que o jogo destinado a decidir quem fica com o terceiro lugar do torneio (posição que Portugal conseguiu em 1966) não tem qualquer interesse. É mais uma imbecilidade a somar a tantas outras que surgem tradicionalmente em catadupa, de quatro em quatro anos, a propósito de cada mundial de futebol.
(Curiosamente, alguns dos jogos mais insuportavelmente monótonos e desinteressantes que vi desde sempre foram finais de campeonatos do mundo: basta recordar as de 1990 e de 1994.)
Alemanha e Uruguai, duas excelentes selecções, mostram que o futebol pode ser eficaz sem deixar de ser um bom espectáculo. Só por isto já valeria a pena acompanhar este jogo, que poderia ter conhecido um desfecho bem diferente. Bastaria que o pontapé de Forlán, na marcação de um livre, tivesse dirigido uns centímetros mais abaixo a bola que embateu com estrondo na barra. Precisamente no último segundo do desafio.
Num instante tudo se ganha, tudo se perde.
A magia do futebol é feita disto.
Alemanha, 3 - Uruguai, 2
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P. S. - Há quatro anos foi tudo diferente. Portugal não se limitou a ver de longe o jogo destinado a apurar o 3º lugar. Portugal estava lá, em campo, a disputá-lo com a Alemanha. Perdemos, mas chegámos muito mais longe do que agora. E na altura houve quem achasse que era muito pouco. Não restam dúvidas: tornámo-nos muito menos exigentes de 2006 para cá.