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Delito de Opinião

Convidado: AFONSO AZEVEDO NEVES

Pedro Correia, 06.07.10

 

Queiroz é o homem certo no lugar certo e na altura certa

 

Sou um grande admirador de Carlos Queiroz. Um treinador que, tal como Oliveira, me faz sentir parte da selecção nacional, embora de formas diferentes. Se com Oliveira partilhava o velho ditado espanhol corrigido para português “não creio em bruxas mas tenho a certeza que existem”, já com Queiróz partilho a proximidade de duas almas que não percebem nada de futebol.

Com Queiroz é inegável que nos sentimos como os jogadores portugueses; borrados de medo, confusos acerca das finalidades do jogo, à beira de uma birra, fortes com os fracos, fracos com os fortes e na dúvida com qualquer equipa que dê um pontapé na bola que indique a mais leve vontade de ganhar o jogo. Com Queiroz entrei no campo com a selecção outra vez, também eu com um nó na barriga, também eu certinho do lance azarado que iria ditar a minha derrota. Uma diferença abismal com o horrível Scolari, um louco que queria ganhar jogos, punha todos os jogadores num transe histérico e com manias de honrar a camisola. Com Queiroz acabaram-se essas mariquices e todos ou quase todos metemos as bandeiras no fundo da gaveta. Voltou o futebol português e a ser português.

 

O futebol português não era aquilo, era muito mais e precisava de voltar a ser. Ao contrário dos alemães, que teimam em achar que a ideia do jogo é marcar mais golos que a equipa contrária e ganhar a partida, os portugueses sabem bem que um jogo da selecção é uma oportunidade única de condensar em 90 minutos (se formos eficazes e estivermos concentrados) todos os medos, tendências para a desgraça e atracção pelo abismo que fazem de Portugal um país único e inimitável no futebol como na vida. O futebol português é o murro do João Pinto no árbitro, é a expulsão de Rui Costa contra a Alemanha, o Futre a correr descalço para a grande área adversária.

Numa equipa portuguesa não há lugar para doidos que querem coisas esquisitas como ganhar ou marcar golos. Jogadores como Cristiano Ronaldo ou Fábio Coentrão deviam ser expulsos da selecção e obrigados a renunciar à nacionalidade que obviamente não merecem. Nem falemos então dessa tragédia ambulante que é Eduardo, um guarda-redes medíocre que - e ao contrário de Ricardo julga - não pode sair mal à bola. Este último teve de resto momentos péssimos quando por momentos achou aceitável defender uma catrefada de tiros (um manifesto exagero) da marca de grande penalidade num passado de má memória, mas felizmente conseguiu ser recuperado e voltar à grande forma nos seus últimos jogos pela selecção.

Aviso já, até porque vi gente pouco ajuizada a defender essa barbaridade, que me oponho terminantemente à futura contratação de Mourinho para seleccionador. Se com Scolari – um tipo que nunca percebeu a vontade de sofrer do português – a coisa era péssima então com esse robot do Mourinho e a sua mania doentia de vencer mais vale enterrar a selecção definitivamente ou vender os jogadores aos alemães que nunca apreciaram devidamente o raio do jogo e nitidamente mostram não perceber nada da verdadeira paixão do futebol.

 

Afonso Azevedo Neves

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