A ver o Mundial (11)
Portugal despediu-se hoje do Mundial da África do Sul. Um golo de Villa aos 63', culminando uma excelente combinação com Iniesta e Xaví, bastou para os espanhóis derrotarem os portugueses nesta partida dos oitavos-de-final disputada na Cidade do Cabo. Minutos antes do golo, Carlos Queiroz tirou do campo Hugo Almeida, o mais eficaz dos atacantes portugueses. Esta inexplicável substituição, conjugada com o golo sofrido, bastou para desnortear a selecção das quinas, que até aí conseguira anular as jogadas ofensivas dos espanhóis e praticara bons lances de contra-ataque, equilibrando a partida. A partir daí, foi o descalabro: o meio-campo português praticamente deixou de existir. E os espanhóis só não marcaram mais porque na baliza estava Eduardo, um dos melhores guarda-redes deste Mundial.
À beira do fim, a expulsão de Ricardo Costa, por agressão a um defesa espanhol, era um perfeito símbolo da desorientação da equipa portuguesa, que a partir daí passou a jogar com dez. Ou antes, com nove. Porque Cristiano Ronaldo mal se viu em todo o jogo.
Espanha, 1 - Portugal, 0
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Os jogadores portugueses, um a um:
Eduardo - Uma grande exibição. Mais uma. Sai da África do Sul como o melhor jogador português. E um dos melhores guarda-redes do Mundial. Não teve a mínima culpa no golo, que se deveu a uma recarga do inconformado e combativo Villa. Terminou o jogo em lágrimas, como Eusébio no Mundial de 1966. Uma atitude que merece aplauso.
Ricardo Costa - Nem Miguel nem Paulo Ferreira: Queiroz optou por reeditar a solução adoptada no jogo contra o Brasil. A verdade é que Ricardo Costa foi o elo mais fraco da defesa portuguesa. Intranquilo, perdeu diversos lances individuais com Villa. E perdeu a cabeça à beira do fim, com uma agressão que lhe valeu o cartão vermelho.
Ricardo Carvalho - Novamente o patrão da defesa das quinas. Anulou várias ofensivas espanholas com grandes desarmes, bem à sua maneira.
Bruno Alves - Forma um eficaz dueto na defesa central com Ricardo Carvalho, dando segurança à equipa. A defesa foi, claramente, o ponto mais forte da selecção portuguesa neste Mundial.
Fábio Coentrão - Novamente um dos melhores em campo. O defesa benfiquista sai da África do Sul como um dos melhores do torneio. Bateu-se bem contra Sergio Ramos e anulou Fernando Torres. Muitos dos melhores lances ofensivos portugueses começaram nos pés dele. Tal como a generalidade dos colegas, apagou-se na última meia hora.
Pepe - Actuação sem brilho. Demonstrou que está ainda muito longe da sua melhor forma física.
Tiago - Fez dois remates perigosos à baliza espanhola na fase inicial do encontro. Eficaz nas missões de marcação no meio campo durante todo o primeiro tempo. Foi um dos que acusaram com maior nitidez o golo espanhol.
Raul Meireles - Fez um excelente passe da linha lateral para a cabeça de Hugo Almeida aos 38'. Recuperou bem as bolas, lançando ataques. Baixou muito de nível na segunda parte.
Cristiano Ronaldo - Voltou a demonstrar que não se integra bem na selecção portuguesa. Pareceu ausente em diversas partes do encontro, jogando em sectores muito recuados. Após a mudança táctica, quando Queiroz o mandou mais para a frente, o seu desempenho não melhorou. Prometeu o melhor Mundial de sempre. Regressa a casa com mais esta promessa por cumprir.
Simão Sabrosa - Fez a pior exibição neste Mundial após uma exibição de grande nível contra o Brasil, ainda assim uns bons pontos acima da de Ronaldo. Deu o lugar a Liedson aos 71'.
Hugo Almeida - O melhor avançado português. Falhou por pouco o golo aos 38', num remate de cabeça. Fez um grande arranque pelo flanco esquerdo aos 51' que também esteve a poucos metros de culminar num golo. Seis minutos depois, sem qualquer justificação, Queiroz mandou-o sair. E logo a seguir a Espanha marcou.
Danny - Substituiu Hugo Almeida. Sem qualquer vantagem para a equipa.
Pedro Mendes - Entrou para o lugar de Pepe aos 71'. Não aqueceu nem arrefeceu.
Liedson - Rendeu Simão também aos 71', colocando-se à frente da baliza espanhola. Sem qualquer efeito prático.