Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

De visita aos Canaviais...

Ana Vidal, 18.06.10

... encontrei esta adenda que a Morgadinha teve a gentileza de dedicar-me, acedendo ao meu pedido. Vamos lá então à prova dos nove, minha fidalga:

 

1. "Sobressaíram" leva acento. Tem razão. Leva e traz, para sermos completamente rigorosas. E é claro que não tenho grande esperança de que ("de que", note) admita ter sido uma gralha minha. Por isso, adiante.

 

2. Lamento informá-la de que (outra vez o "de que", sou uma kosher chata...) “entre duas potências capazes de destruir-se mutuamente” e "(...) capazes de se destruírem mutuamente" são duas formas igualmente aceites como correctas para dizer o mesmo. As opiniões divergem, como em variadíssimas outras questões discutidas por eruditos e leigos em sites da especialidade. Fiz os trabalhos de casa, fui procurar. Sugiro que faça o mesmo.

 

3. “A mim conquistou de vez” em vez de “conquistou-me”. Pois bem, Morgadinha, aqui é que a porca torce o rabo... é que "A mim conquistou-me de vez" seria um pleonasmo. Sabe o que isso é? Informe-se, se não for grande incómodo, porque aqui não há dúvidas.

(Eu disse "porca"? Ai, valha-me Deus, isto não é linguagem de Vicentina que se preze! Vou já ali pôr o segundo cilício, que o que trago está a ficar lasso e já só me faz cócegas).

 

4. “A canção fala-nos”, gramaticalmente kosher mas de gosto questionável. De metáforas e outras figuras de estilo, suponho, nunca ouviu falar. Mas se é de gostos que falamos, então nem discuto.

 

5. Finalmente, a cereja no topo do seu bolo: o malfadado "de". Pois... que maçada, mantenho a minha versão e explico porquê, de forma a que possa perceber facilmente: tem-se pena "de" alguma coisa ou alguém, e não "que" alguma coisa ou alguém. Ainda que fosse uma hipercorrecção,  e não é, prefiro-as sempre à versão "hipo" de que o seu blogue tanto gosta. Em questões de correcção e de educação, mais vale a mais do que a menos.

 

Se lhe estraguei o brilharete, as minhas desculpas.

 

Nota à margem: Já agora, fiquei a saber que sou uma refência das letras pátrias, coisa que desconhecia em absoluto. Só não sei se deva sentir-me feliz ou insultada, porque não sei o que é uma refência. Ignorância minha, naturalmente. Mesmo uma mestre-escola vicentina e holier-than-thou não pode saber tudo.

Mas agradeço-lhe o elogio de ter-se dado ao trabalho de ler a minha "obra" no DO, o que, confesso, não fiz com a sua. Só conheço o post em que me interpela, para defender um colega ultrajado pela minha infinita soberba. Não posso devolver-lhe o seu amigo Talião, portanto. Mas sempre lhe digo, com base apenas nesse texto, que um erro não se "dá". "Faz-se".

 

Adenda sintética, só para encerrar o assunto: Já que a Morgada se deu ao trabalho de ler todos os meus posts e até algumas caixas de comentários do DO em que intervenho (ou não saberia que eu tinha achado graça a um texto seu), pensei que o mínimo que eu podia fazer era retribuir o gesto e o interesse. Fui portanto, com a melhor das intenções (sem ironia), ler a sua "obra" bloguística. Para meu grande espanto, e logo num post recentíssimo, dei de caras com um dos tais "dedos virtuosos apontados às incorrecções gramaticais dos outros" que eu e o João Carvalho fomos acusados de apontar ao 5 Dias. No caso, com link e tudo para o post de "um fulano do 31 da Armada". Depois de tanto moralismo e tanta virtude ofendida, a incoerência não deixa de ser curiosa. Os telhados de vidro são bonitos, mas tãããão frágeis...


1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.