O impasse coreano
Desde o final da Guerra Fria, juntamente com o Irão, a Coreia do Norte tem sido uma dor de cabeça recorrente para a política externa dos EUA. Entre 1993 e 2009, as administrações de Bill Clinton e George W. Bush experimentaram praticamente todas as opções diplomáticas possíveis, da cooperação ao isolamento, sem que as mesmas produzissem resultados duradouros.
A crise que agora se desenrola é a primeira sob o mandato de Barack Obama. No curto-prazo, aos EUA pouco mais resta do que apoiar diplomaticamente a Coreia do Sul, ao mesmo tempo que procuram limitar os riscos de uma escalada militar. Mais do que alterar o status quo pela via militar, a Obama interessa seguir uma linha de contenção que permita adiar no tempo a resolução do impasse.
O factor tempo é fundamental para os EUA. A médio-prazo, a mudança de liderança e de regime em Pyongyang é inevitável. Sem alternativas diplomáticas – e tendo em conta que eventuais alterações na estrutura de poder no sistema internacional dificilmente contribuirão para resolver o impasse – aos EUA resta esperar pacientemente que a mudança de poder em Pyongyang altere a hierarquia de prioridades nacionais. Só nessa altura, porventura, será possível encerrar um dos últimos legados da Guerra Fria.
(Artigo publicado hoje no jornal i.)