Kim ou Lula, tanto faz
Jerónimo de Sousa diz que lhe é indiferente que seja a selecção do Brasil ou a da Coreia do Norte a passar à fase seguinte da final do Campeonato do Mundo de futebol. O mesmo é dizer, por outras palavras, que lhe é indiferente a vitória de um país a que chamamos irmão quando confrontado com um outro governado há 60 anos por um partido a que só o PCP é capaz de chamar irmão (neste caso, ao contrário de outros, a família escolhe-se). O mesmo é dizer que tanto faz pertencer à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa ou à lista dos países que mais violam os direitos humanos, segundo a prestigiada Amnistia Internacional.
O secretário-geral do PCP, no fundo, recusa optar entre Lula da Silva e Kim Jong-il - apesar de Lula ser um antigo operário metalúrgico que constitui motivo de orgulho para a esquerda mundial e Kim Jong-il ser o herdeiro da despótica dinastia Kim, que envergonha a mesmíssima esquerda à escala planetária.
Ao evitar optar, Jerónimo opta. A sua declaração, que mais português nenhum fora da sede da Soeiro Pereira Gomes subscreveria, é outra forma de reiterar o que o líder parlamentar comunista declarou há uns anos: que talvez a Coreia do Norte seja uma democracia. Assim como o Brasil.
Enfim, um golo escandaloso na própria baliza. Este PCP não tem emenda.