"Não fizemos o que devíamos"
Frases recolhidas de uma das entrevistas mais marcantes dos últimos dias:
- “Era necessário reagir à pressão dos mercados mas, mais importante, garantir que fossem já lançadas reformas estruturais que asseguram um crescimento mais elevado.”
- “Ao longo da última década não fizemos o que deveria ter sido feito. As exigências com que fomos confrontados ao aderir à moeda única não foram entendidas. O euro é uma moeda inspirada no marco alemão, com uma exigência na disciplina orçamental e fiscal, que não foi assumida pela nossa economia. Deveríamos ter sido mais rápidos ao longo da última década a fazer reformas estruturais que garantissem a competitividade da nossa economia.”
- "[A reforma do Estado] foi feita em alguns sectores mas não fomos tão longe quanto deveríamos ter ido."
- "Se o endividamento e défice excessivos são resultado da falta de produtividade e competitividade da economia devemos resolver os problemas estruturais que estão por detrás desta situação."
- “A economia portuguesa, para resistir ao processo acelerado de integração económica que a Europa vai conhecer, tem de andar mais depressa.”
- “É muito difícil o entendimento à esquerda do PS, mas admito que é indispensável o entendimento à direita para dar continuidade a um trabalho de ajustamento orçamental imediato e de ajustamento da economia às condições dos mercados.”
- “Nesta fase de grande complexidade o consenso deveria ser uma imposição da própria sociedade.”
- "O PSD tem que contar com o PS. Sem o entendimento destes dois principais partidos (...) o País não conseguirá adaptar-se às condições muito exigentes com que estamos confrontados. Seria irresponsável que os dois partidos não trabalhassem numa agenda positiva."
Palavras de um dirigente do PSD? Não. Frases proferidas por qualquer outro membro da oposição? Nada disso. São declarações ao Diário Económico do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado - o segundo membro da hierarquia governamental. O que diz tudo sobre o actual estado anímico do segundo Executivo Sócrates, empossado há sete meses.