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Delito de Opinião

Consumatum est

Ana Vidal, 08.05.10

 

Contra tudo e contra (quase) todos lá foi adjudicada, hoje de manhã, a construção do primeiro troço do TGV. Coisa pouca, dirão os incautos, se comparada com todas as grandes obras públicas pelas quais se batia José Sócrates até há tão pouco tempo que o som mavioso da sua voz ainda ecoa nos nossos ouvidos. Obrigado, pela enorme pressão interna e externa, a um flic-flac encarpado ao melhor estilo olímpico, levou pelo menos a sua avante neste "pequeno" investimento. É uma questão de Teimosia à Grande Vitesse ou da costumeira arrogância que sempre o impermeabilizou a conselhos alheios e o impediu de dar o braço a torcer, até ao limite. O ministro António Mendonça vem justificar-nos a assinatura do contrato (com uma convicção que me pareceu um bocadinho duvidosa) reforçando a ideia de que o avanço do TGV é essencial para o progresso do país. Ou seja, o programa seguirá dentro de momentos, é mais do que certo: depois do troço Poceirão-Caia virá o resto, porque sem este imprescindível meio de transporte não poderemos sobreviver durante muito tempo. Segundo uma investigação feita há dois anos pelo Jornal de Negócios, seria preciso que todos os 8,3 milhões de portugueses que têm mais de 14 anos fossem a Madrid, para pagar os custos de operação do TGV que une as capitais ibéricas. O custo total foi orçado em 3,3 mil milhões de euros. O preço do bilhete? Uns míseros 100 €... o que é isso para um português médio? Numa época em que as companhias de aviação low cost quase oferecem as viagens Lisboa-Madrid, o estrondoso sucesso do TGV está garantido, como se adivinha pela premonitória imagem ali de cima. E como o TGV não será viável sem a terceira ponte sobre o Tejo (eu faria até mais quatro ou cinco, para ficarmos com uma espécie de Paris em versão lusa), esse novo "pequeno" investimento virá a seguir. E depois o novíssimo aeroporto, para compôr o ramalhete de um país próspero da grande Europa. E porque não, já agora, uma estação espacial portuguesa chamada, por exemplo, "A casa da Mariquinhas"? Viva o progresso.

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