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Delito de Opinião

Trabalhar

Luís M. Jorge, 08.04.10

O Henrique Raposo escreve que

Os portugueses trabalham 38.8 horas por semana, quando a média europeia é de 40. Os portugueses colocaram Portugal a crescer apenas 1,45% (entre 2004 e 2007), enquanto que a média europeia de crescimento foi de 2,63%. Mas, apesar disto, os portugueses receberam um aumento real de salários de 3,9%, enquanto que o aumento real na Europa foi só de 2,1%.

Embora respeite as estatísticas que nos cita, creio que já podíamos ultrapassar a mecânica recorrente destes argumentos. É sempre idêntica: alguém à direita recorda que os portugueses trabalham pouco, e invectiva os direitos adquiridos. Alguém à esquerda retorque que os nossos gestores são os mais ineptos do mundo civilizado e que, apesar dos direitos adquiridos, este ainda é o país com mais desigualdades na distribuição da riqueza.

 

Em compensação, falta quem diga o seguinte:

 

O Estado e o seu sector empresarial não podem ter a cargo o grosso dos nossos trabalhadores qualificados, a menos que o país queira uma economia socializada. Se o país não a quiser, estas pessoas têm que ser colocadas nas empresas — ou encorajadas a formar empresas. A única maneira de fazer isso é por despedimento.

 

Os trabalhadores do Estado não ganham mais do que deviam; pelo contrário, ganham menos porque são comparativamente mais qualificados. Qualquer reforma do Estado eficaz, além da razia, tem que incluir um aumento dos salários da função pública.

 

Um Estado pequeno, com funcionários bem pagos, sob a vigilância de uma opinião pública mais educada. Um economia aberta, reanimada por gente com qualificações superiores à média nacional.

 

Era uma boa ideia. Mas nem a esquerda nem a direita, por razões diferentes, estão para aí viradas.

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