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Delito de Opinião

Cartas do Japão - 3

Teresa Ribeiro, 03.04.10

4º dia (madrugada) - Não tenho grande tolerância ao desconforto físico, seja ele provocado pela dor, fome ou sono. Ontem passei toda a manhã com uma disposição que deixava muito a desejar. A partir das seis começou a dar-me o sono, encostei-me na cama, mas passada meia-hora fui acordada. Era o primeiro dia do circuito e tinha de me levantar áquela hora. Antes não tivesse passado pelas brasas. Fui a arrastar-me para o pequeno-almoço e daí para a camioneta que nos levaria numa volta pelas ruas de Tóquio. O nosso guia falava num tom arrastado, extremamente baixo, com uma pronúncia horrível. Eu estava sentada muito atrás, portanto ao fim de cinco minutos desisti de o ouvir e perceber. Só que aquela toada indecifrável tinha um efeito soporífero, assim como a trepidação da camioneta. Levei o tempo todo a adormecer e a acordar de cada vez que tínhamos de fazer uma paragem para sair. Foi uma espécie de tortura do sono, que durou até que consegui despertar de uma vez, ou seja, até meio da tarde.

Visitámos o conjunto de templos xintoístas Meiji, os jardins imperiais e o templo budista Kanon. Depois demos uma volta pela costa de barco e acabámos o circuito num centro comercial de Obaida, sem interesse nenhum, obviamente um compromisso comercial da organização com direito a comissão. Fiquei em brasa. Na véspera, quando tinha andado a ver a cidade por minha conta, descobri templos lindos, perto da Torre de Tóquio, templos que este tipo não mostrava aos turistas em benefício de um shopping banalíssimo em Obaida! Definitivamente odeio tours! No fim, quando o guia se despediu, o grupo bateu-lhe palmas. A mim apetecia-me era pedir-lhe a percentagem que me cabia da comissão que ele ganhou.

À noite fui ver Tóquio à luz dos néons. Já no quarto, antes de me deitar, fiquei a olhar a vista da minha janela, que ocupa quase toda a parede. Uma vista soberba. Empoleirei-me como a Scarlett no parapeito e fiquei ali um bom bocado, a olhar a torre de Tóquio iluminada e os edifícios adjacentes, a ver passar o comboio bala e os néons com caracteres japoneses a piscar. Até que veio o sono. Gosto de Tóquio.

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