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Delito de Opinião

A política tem horror ao vácuo

Pedro Correia, 11.02.09

Os apoiantes incondicionais de José Sócrates queixam-se de que o primeiro-ministro está a ser alvo de uma inédita campanha negra, movida por forças ocultas, a partir de fugas de informação convenientemente seleccionadas de peças processuais que se encontram em segredo de justiça. Mas nada disto começou agora, como alguns fazem crer. Há anos que a política portuguesa está marcada pelos caprichos do (des)andamento dos processos judiciais. Alguns abrem agora - só agora - a boca de espanto. São os mesmos que andaram a atirar pedras a outros políticos, de outros quadrantes, noutras situações. São os mesmos que esquecem que Sócrates só chegou aonde chegou porque outro político, do mesmo partido, foi vítima de algo muito semelhante: abandonou a política para melhor tratar da sua defesa judicial, foi ilibado de toda a suspeita e faz hoje a sua vida fora de Portugal. Refiro-me a Eduardo Ferro Rodrigues. A ilibação, como sempre acontece nestes casos, chegou tarde de mais. Já Sócrates estava no lugar dele.
A política, com efeito, tem horror ao vácuo. Quem agora está politicamente fragilizado é o próprio Sócrates - independentemente de culpas no âmbito judicial: estou até longe de imaginar que as tenha. Mas não sejamos ingénuos: não falta já no PS quem esteja hoje a fazer cálculos para o período pós-Sócrates. Que chegará mais cedo do que muitos supunham.

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