'Artitectura': os mal-amados (13)
Doris's Place, em Hackney (Grã-Bretanha)
O Dori's Place é uma pequena moradia recente, projectada pela Peter Barber Architects, que teve em vista o aproveitamento integral e maximizado de uma área minúscula. A construção assenta numa base cujas frentes opostas rondam os 4,5 metros e ergue-se em três pisos: rés-do-chão e dois andares, sendo o de cima parcial e descontínuo.
Embora lhe chamem "arte grega", tem todo o ar contemporâneo de uma casa urbana, com a sua fachada branca, cobertura elíptica e janelas irregulares. Possui um terraço descoberto ao nível do segundo andar interrompido, onde Doris (com Marian Lewis) junta os amigos quando pode. Estranhamente, a varanda avançada no andar de cima tem um piso transparente, o que não pode seguramente transmitir conforto a quem a utiliza e que deve constrastar com o mobiliário, descrito como quente e acolhedor.
Esta casa constitui uma espécie de unidade-cobaia a servir de exemplo para a criação de moradias numa zona urbana de grande densidade e que precisa de ser regenerada, de modo a integrar 650 quartos por hectare para agregados familiares numa área residencial, precisamente em Hackney, que fica a norte de Londres e tem fama de grande criminalidade.
Sejamos francos quanto ao projecto: o resultado é inovador, aproveita o espaço como um bem precioso nos meios urbanos e possui um certo charme. Por isso, seria injusto chamar-lhe um mal-amado típico. Apenas a vizinhança, nas suas casinhas tradicionais de bairro antiquado, ainda olha de soslaio para o que insiste em considerar uma aberração, um vírus intrometido.
Portanto, é muito capaz de se justificar que esteja na curta lista de candidaturas aos Prémios RIBA, instituídos pelo prestigiado Royal Institute of British Architects. Mesmo com os sérios inconvenientes que a descontinuidade da habitação implica...