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Delito de Opinião

A barbárie no meio da tragédia

Pedro Correia, 03.02.10

 

"Em Porto Príncipe, os vivos dormem nas ruas; os mortos, nos escombros. Os números da catástrofe já parecem não fazer nenhum sentido. Foram 75 mil corpos lançados em fossas, mas quem os contou? Praticamente inexistente, o governo anuncia planos de transferir 400 mil desabrigados da capital para acampamentos organizados nas imediações da cidade destruída. Como? Quando? Por enquanto, dorme-se sob o céu negro e o calor asfixiante do Caribe, sentindo-se o cheiro fétido das fogueiras humanas. São os momentos mais perigosos para a sobrevivência dos haitianos, quando os mais fortes encontram a cumplicidade da noite para atacar os mais fracos. Brigam por comida, água, remédios - ou mesmo por bonés e óculos velhos, o tipo de farrapo que alguns haitianos ainda possuem. Há troca de socos até por restos de destroços. Nenhum haitiano parece aceitar que outro tenha mais do que ele, ainda que esse mais se resuma a lixo. (...) O Haiti, que sempre viveu próximo da barbárie, agora se queima por completo nela."

 

Excerto de uma excelente reportagem do jornalista Diego Escosteguy, enviado especial da revista Veja a Porto Príncipe. Um dos melhores textos sobre o Haiti que tenho lido.

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