Da natureza humana
A propósito da situação desesperada no Haiti, constato, uma vez mais, uma curiosa faceta da natureza humana: mostra o seu lado mais nobre sempre que há uma catástrofe, sobretudo quando ela se manifesta a esta escala. As pessoas mobilizam-se, dão-se, ajudam com brio, coragem e altruísmo... e depois esquecem esse rasgo de generosidade que as galvanizou por algum tempo e voltam a fechar-se na sua rotina de anestesia, mal o drama abranda e a vida volta ao normal.
Pergunto-me: será que precisamos de ter bem presentes a nossa própria vulnerabilidade, a nossa impotência, para acordarmos da sonolenta indiferença que nos domina o dia a dia? Será que deveria haver sempre uma tragédia por perto, para sermos melhores pessoas?