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Delito de Opinião

Talvez

Teresa Ribeiro, 02.01.10

Dia 2. Enquanto a poeira das festas começa a assentar, pego nos jornais que ainda não li. Entre os costumeiros balanços e expectativas para o novo ano, escapam das entrelinhas estados de alma que reflectem, na sua maioria, desalento.

Ano Novo Esperança Nova? é um dos títulos em que reparo. Adiante, num artigo de opinião, leio: Portugal é cada vez menos um país normal. Em letra de forma também recolho esta afirmação: Nada transmite alegria ou esperança. Há medo do amanhã e do que ele pode trazer de pior. E esta: Não creio que haja condições para mais uma década como a que vivemos: perdida, totalmente desperdiçada, num quase nada que nos custou tanto.

Este tom, consideravelmente mais soturno do que é habitual a cada começo de ano, reflecte o peso de uma década, um espaço de tempo que não se explica com a ligeireza que os políticos pretendem.

Para dez anos não há alibis conjunturais. Mais conscientes da real incompetência das suas elites, talvez os portugueses, acossados pela degradação progressiva da sua qualidade de vida, se tornem mais consequentes. Menos lamurientos e mais incómodos.

Talvez os movimentos de cidadania floresçam e a nossa sociedade civil acorde. Talvez, quem sabe, os portugueses comecem a falar dos portugueses como se não fossem estrangeiros, implicando-se e exigindo mais dos seus poderes. Quem sabe, na próxima década a democracia em Portugal deixe de ser aquela adolescente pindérica com ares de sul-americana que conhecemos. Aos (quase) 36 anos já vai sendo tempo.

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