"Bode expiatório" de quem?
Vital Moreira, insuspeito de alimentar campanhas anti-PS, já tinha apontado o caminho ao procurador-geral adjunto Lopes da Mota, acusado de pressões indevidas sobre os investigadores do caso Freeport. António Vitorino, um dos mais sagazes dirigentes socialistas, também não teve dúvidas, no momento certo, em recomendar ao presidente do Eurojust que suspendesse funções. Surdo aos sábios conselhos destes dois juristas, Lopes da Mota teimou em permanecer no cargo. Sai agora, tarde e a más horas, só após o Conselho Superior do Ministério Público ter decidido suspendê-lo por 30 dias no âmbito do processo disciplinar que lhe foi instaurado. A ética da responsabilidade, em Portugal, continua a funcionar ao retardador - ao mais alto nível. Como aqui escrevi a 12 de Maio, falta agora determinar também as responsabilidades políticas do ex-ministro da Justiça, Alberto Costa, que sempre garantiu não ter existido qualquer pressão. Resta também descodificar a afirmação do advogado de Lopes da Mota, Magalhães e Silva, ao sustentar que o procurador-geral adjunto foi apenas um "bode expiatório".
"Bode expiatório" de quê? E de quem?