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Delito de Opinião

'Artitectura': os mal-amados (4)

João Carvalho, 20.11.09

 

Ryugyong Hotel,

em Pyongyang

(Coreia do Norte)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Ryugyong Hotel foi projectado para 330 metros de altura e uma área de 360 mil metros quadrados em 105 andares, com três mil quartos, sete restaurantes rotativos, casinos, nightclubs, etc. À época, o governo empatou 750 milhões de dólares (dois por cento do PIB norte-coreano).

Começou a ser erguido em 1987 para estar concluído dois anos depois; seria o maior hotel e o sétimo maior edifício do mundo. Mas correu mal: em 1989, quando devia ficar pronto, estava muito atrasado, por consecutivos problemas com o método de construção e materiais utilizados. Três anos depois, em 1992, era o caos: problemas de financiamento, cortes de energia eléctrica e racionamento de toda a ordem. A construção parou e assim ficou até ao ano passado: durante 16 anos, o único movimento foi o do guindaste deixado lá no alto, ao sabor do vento.

Em 2008, um grupo egípcio decidiu ficar com a obra e já iniciou os trabalhos a partir dos andares de topo. Muitos materiais foram repensados e estão a ser substituídos; grande parte da estrutura já sofreu deterioração irremediável pela exposição às condições climatéricas durante tanto tempo. Os investidores esperam abrir a Ryugyong Tower em 2012 e o governo de Pyongyang faz as contas: para o edifício ficar seguro, deverá chegar aos dois mil milhões de dólares (dez por cento do PIB).

Nem mesmo um norte-coreano ingénuo e sem termos de comparação pode apreciar o historial interminável de um arranha-céus que lhe custa os ossos e a medula, pensado para desafiar a Coreia do Sul e agora desejado para celebrar em 2012 os cem anos do nascimento de Kim Il Sung (o antigo líder e pai do actual).

Além do mau gosto, é também o triste símbolo arquitectónico de uma ditadura comunista dinástica em que o poder tira da população miserável para erguer aos céus uma torre absurda no centro da sua decrépita capital.

2 comentários

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    João Carvalho 24.11.2009

    Pois...
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