Para repensar o TGV: novos dados
No Cantinho dos Comboios, nosso Blogue da Semana, encontramos um curioso texto com outra origem sobre os novos ventos que estão a afastar o TGV da Europa e do mundo e a que o autor do blogue acrescenta o seu ponto de vista. Vale a pena reproduzir os dois, com a devida vénia.
«Já nem a SNCF, a CP francesa, quer mais o TGV. Em Julho alterou a última e antiga encomenda da linha para Nice. No mais, cancelou o TGV, optou por 60 composições tipo light-fast-train, que chega aos 160km/h, e, o que é o mais importante, acelera e trava com rapidez. O que importa numa viagem não é a velocidade máxima mas sim a média. Esta é ditada pela aceleração e pela travagem, pelo número de vezes que o comboio pára e pelas curvas.
Em Espanha, o cidadão que não usa a RAVE paga 1,1 mil milhões em subsídios para manter as linhas. A Inglaterra cancelou os planos do TGV entre Londres e Manchester. A própria Alstom já testou o AGV, similar ao Alfa, substituto do TGV. Desde 1998 o TGV tenta entrar na Austrália e não consegue. O mesmo na Suécia, Argentina, Brasil, EUA. Por que não adoptar o que todos os países estão a fazer? Ferrovias mistas e Light-Alfa, que chega aos 250 km/h, pendular, mais baixo e moderno para passageiros; e carga em carruagens leves em high-strength-steel, nos horários entre os rápidos de passageiros e durante a noite. Se houver algum troço de linha com muitos comboios simultáneos, considerar a terceira via, como já se faz, por exemplo, na Suécia, por uns cinco quilómetros antes e após as grandes estações, para que os rápidos lá possam disparar, enquanto os lentos aceleram ou travam nos carris tradicionais. O moderno sistema de sinalização já o permite. Querem meter goela abaixo o velho TGV em Portugal? É este o preço por termos um português na UE? Ler mais detalhes no livro "Como Sair da Crise".»
(Jack Soifer / jackfer@sapo.pt)
«Penso que o TGV constitui a oportunidade de corrigir o erro centenário que consistiu na adopção de uma bitola ibérica diferente da europeia. Uma visão provinciana da vizinha Espanha e o receio da utilização militar do comboio como instrumento de uma possível invasão da Península condicionaram esta escolha. O incómodo de sucessivas gerações de passageiros do Sud Express, que tinham de mudar de comboio em Handaia, representa apenas uma fracção do custo suportado por Portugal e Espanha na ligação aos nossos principais parceiros comerciais. A emergência avassaladora do camião TIR e até do avião como instrumentos privilegiados do transporte de mercadorias são consequência directa de um modelo que penalizou excessivamente o comboio e limitou a sua eficiência. Por isso gosto de ler opiniões contrarias à minha quando são bem estruturadas e documentadas. É uma visão diferente da minha...»
Dá que pensar. E repensar.