Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Um Polvo no País das Maravilhas

Carlos Barbosa de Oliveira, 02.11.09

No caminho de regresso a Lisboa  fico a saber do mais recente escândalo de corrupção, envolvendo nomes que abandonaram a política, para exercer cargos bem remunerados no sector privado.  De imediato sou forçado a recordar os casos que no último ano  têm animado a comunicação social e ajudado a vender alguns jornais:  o BPN e o Freeport. Não posso evitar a  recordação de outros casos ainda mais antigos, como o Portucale que continua, como tantos outros, a marinar nas malhas das investigações ou da justiça.
A comparação com a rapidez do julgamento de Madoff foi inevitável. Por cá espera-se que as coisas caiam no esquecimento.
Nesta associação de pensamentos recordo um amigo chinês que, há meses, foi acusado de tentativa de corrupção. Era visto no seio das comunidades portuguesa  e chinesa, de Macau, como uma pessoa honesta. Trabalhei com ele no Conselho de Consumidores, acompanhei-o  em diversas viagens de trabalho e a sua conduta sempre me pareceu irrepreensível .
A suspeição foi levantada pelo Comissariado  da Corrupção e nunca chegou ao Ministério Público, nunca foi constituído arguido, nem viu formulada qualquer acusação. Talvez por não suportar ver o seu nome arrastado na lama, Alexandre Ho  foi até à vizinha cidade chinesa de Zuhai, alugou um quarto num hotel e suicidou-se.  Era acusado de ter recebido 20 mil patacas (cerca de dois  mil euros)
Por cá os arguidos, mesmo condenados em primeira instância, proclamam inocência, declaram ser vítimas de “linchamentos”, recusam abandonar os seus cargos públicos e esperam deixar de ser notícia, quando vier à baila o caso seguinte. Este sentimento de impunidade, a quase certeza que todos têm de que nunca serão condenados, não é só preocupante. É nojento! 

6 comentários

Comentar post