Banana Republic
Não é por nada, mas parece-me que grande parte da elite portuguesa, nas esferas política e judicial, foi afectada por um vírus. As pessoas dizem as maiores barbaridades sem ter noção da gravidade do que estão a dizer. Veja-se, hoje, Cândida Almeida no Expresso: "[Tal como Pinto Monteiro, também ouve ruídos no telemóvel?] Ruídos? Sim, e muitas vezes ponho em causa se não estou a ser escutada. É tão fácil. Por isso não tenho conversas importantes ao telefone. Faço reuniões. E quando quero mesmo falar com o senhor PGR, ligo-lhe e vou ter com ele. (Expresso/Única, 31.1.2009: 20).
A nossa elite é isto. Ou também é isto. Não tem a noção do alcance das suas palavras. A nossa elite tem sempre a boca cheia de sentido de Estado e de pose institucional, mas depois larga atoardas deste calibre. É claro que ficamos todos muito mais descansados pelo facto de Cândida Almeida não falar ao telefone com o "senhor PGR". Afinal, como se sabe -- e se não sabe ficou a saber -- é tão fácil colocar o telefone de uma procuradora sob escuta. Difícil é colocar o gabinete do PGR sob escuta. Algo que, como se sabe, nunca aconteceu. É por isso que Cândida Almeida prefere reuniões e vai ter com o "senhor PGR".
Pela minha parte, com as voltas que a vida dá, até tremo só de pensar que um dia posso estar nas mãos destes senhores da PGR. Não me inspiram nenhuma confiança.