Um disparate nunca vem só
As eleições autárquicas foram há pouco mais de uma semana. Alguns dos novos autarcas ainda nem sequer tomaram posse. Ou estão a tomar posse neste preciso momento, como é o caso do presidente da Câmara Municipal de Faro. Mas antes mesmo de tomarem posse já começaram a asneirar. E não fosse alguém pensar que era uma cabala, são todos do PSD. Em Aveiro, o líder da concelhia local do PSD, farto dos encargos suportados pela sua autarquia, quer demolir um estádio que custou mais de 60 milhões de euros aos contribuintes há pouco mais de 5 anos. Entretanto, o Sr. Madaíl, também ele um ex-deputado e militante do PSD que fez carreira nos meandros da bola, foi apresentar, com o patrocínio de um secretário de Estado que entrou na sede da FIFA de mãos nos bolsos, a candidatura luso-espanhola à organização do Mundial de futebol de 2018/2022. Fiquei a saber que só 3 dos estádios que temos e que serviram para o Euro 2004 é que correspondem às exigências da FIFA, mas foi quanto bastou para que logo o vice-presidente da Câmara Municipal de Loulé e o recém- eleito presidente da Câmara Municipal de Faro, que ainda há dias acusava o seu adversário político e ex-presidente de ter deixado um défice de quase 80 milhões na autarquia, viessem dizer que o Algarve, leia-se o Estádio Faro/Loulé, não podia ficar de fora de tão grandioso evento. E para que não restasse sombra de dúvida logo acrescentaram que já estavam a pensar na melhor forma de se juntar mais 20 mil lugares aos 30 mil do elefante branco que tem servido para promoção do Rally de Portugal e para os interessantíssimos jogos do Louletano e do despromovido Farense. Eu não sei se os responsáveis autárquicos de Faro e de Loulé colocaram nas suas contas a hipótese de se gastarem mais uns milhões de euros, no caso de Faro com uma câmara em situação de falência técnica de acordo com que por Macário Correia foi dito na campanha eleitoral que acabou no dia 9 de Outubro, a renovar um estádio novo para depois acolherem, por exemplo, um jogo entre a Coreia do Norte e o Gana. Presumo que isso fizesse imensamente bem ao turismo algarvio e aos associados do Sr. Elidérico, embora duvide que isso justifique o gasto. Bem sei que ainda faltam uns anos até que a decisão seja tomada, mas a avaliar pela rapidez e sentido das declarações de hoje, as primeiras águas do Outono chegaram em força ao Algarve. E com elas a demagogia e o mais execrável populismo. Mas de quem ganhou eleições com o slogan "venho para trabalhar" e começou a pré-campanha ao lado de Alberto João Jardim, também outra coisa não seria de esperar. Ou seria?