Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Aumenta a convicção, apoiada pelas mais recentes sondagens, de que o PSD terá em Outubro o pior resultado alguma vez obtido numas eleições legislativas. Enquanto Rui Rio - há um ano e meio em funções na presidência do partido - transmite a crescente sensação de ser um actor sempre à procura do seu papel: remete-se ao silêncio quando devia falar, insiste em abrir a boca quando devia calar-se.
Em poucos dias, somou mais uma série de erros e disparates.
Lembrou-se, por exemplo, de reduzir o número efectivo de deputados pela contabilização de votos brancos e nulos, que originariam cadeiras vazias no hemiciclo de São Bento - proposta de tal modo estapafúrdia que acabou por afogar-se à nascença.
Apressou-se a sair em defesa de António Costa na controversa decisão de nacionalizar o sistema integrado de redes de emergência e segurança quando ainda nada se sabe sobre os contornos deste negócio.
Apresta-se a transformar o PSD num pneu sobressalente do Governo após o fracassado acordo à esquerda em torno da Lei de Bases da Saúde, a três meses das legislativas, aparentemente esquecido de que o PS, pela voz autorizada de Pedro Nuno Santos, garantira em Janeiro de 2017 que «nunca mais precisará da direita para governar» .
Critica a anunciada medida do Executivo relativa à dispensa dos trabalhadores da função pública no acompanhamento do primeiro dia de aulas dos filhos sem sequer a ter lido: faz alusão a «um dia de folga» quando o diploma aponta para um máximo de três horas de falta justificada.
Deixa ao CDS terreno livre para reivindicar uma medida mais que justa: o alargamento do acesso à ADSE a todos os trabalhadores do sector privado, pondo fim a uma discriminação que não faz hoje o menor sentido.
Silencia o descalabro nas urgências externas das maternidades, decorrente da falta de especialistas em ginecologia e obstetrícia - tema em que urgia ouvir a voz do PSD enquanto maior partido da oposição, tanto mais que a situação «ultrapassa os limites do aceitável», segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, e os próprios directores clínicos denunciam a «situação caótica» reinante em diversas unidades hospitalares.
Neste contexto, agravado pelas cativações do ministro das Finanças, escuta-se o Presidente da República, exigindo que tudo seja «devidamente esclarecido e explicado», e Marques Mendes acusa o ministro das Finanças de ser o «coveiro do Serviço Nacional de Saúde». Mas Rio prefere calar-se.
Está talvez mais preocupado em «escorraçar os desleais» das próximas listas eleitorais do seu partido: a única luta política que parece animá-lo é o combate ao adversário interno.
Pode ficar tranquilo: ao ritmo a que o PSD vai tombando nas intenções de voto, só lhe restará mesmo um pequeno núcleo de fiéis para alojar.