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Delito de Opinião

O aviso do Perito Moreno

Carlos Barbosa de Oliveira, 15.10.09

 

                                          

Durante todo o dia de hoje, decorre o Blog Action Day. O objectivo é alertar a comunidade blogueira para os problemas ambientais.  Deixarei aqui os meus contributos, ao longo do dia, em textos e imagens.

Situado no Parque Nacional de Los Glaciares, na Patagónia Argentina,o Perito Moreno é uma das maiores maravilhas da Natureza que eu já pude observar.
Quando lá estive pela primeira vez, poucos meses depois da Cimeira do Rio de Janeiro, tinha programado uma visita de meio dia. Era Verão e esperava ver o Perito Moreno a deixar desprender das entranhas um bocado de si, em jeito de lágrima lançada por alguém que sofre em silêncio a violência do ser humano. Acabei por ficar um dia inteiro a contemplar aquela maravilha.
Senti-me pigmeu perante aquela grandiosidade. Senti a fragilidade do ser humano perante aquele monstro que, apesar de amputado durante os meses de verão do hemisfério sul, continuava a crescer. Visitei as grutas de Cueva de Galicho (nas margens do Lago Argentino) marcadas pela arte rupestre de habitantes pré-históricos que ali se refugiavam.

 

 

Seriam umas três da tarde quando, sob um límpido céu azul, ouvi estrondos de trovão. Era um enorme bloco de gelo, com algumas toneladas, que se desprendia do Perito Moreno e mergulhava na água. Espectáculo sublime, único, ímpar, só possível de ser visto entre Janeiro e Março.
Há uns meses ouvi na Sic-Notícias que bocados do Perito Moreno se estavam a desprender em pleno mês de Julho (inverno no hemisfério sul), fenómeno raro que não se verificava há quase um século.

Eu sei que há sempre aqueles ambientalistas cépticos que dizem que é uma situação normal. Não é. É um aviso  à Humanidade, principalmente aos abutres do G-8, do G-20 e de outros G de ganância que àquela hora discutiam no Japão o preço do petróleo, armas de defesa, a Guerra das Estrelas e essa merda da economia global que nos há-de permitir morrer afogados em telemóveis, i-phones, i-pods e uma parafernália de maravilhas tecnológicas, mas que se recusa a dar de comer a milhões de famintos que diariamente morrem às mãos das suas leis aberrantes.
 

O Perito Moreno lançou um alerta, ao jeito de quem diz: “Salvem-me e salvem a Natureza enquanto é tempo”, mas os abutres dos Gês encolheram os ombros, indiferentes e engravatados, e voltaram a exigir o aumento da produção de petróleo, de modo a que os cidadãos dos países ricos continuem a poder andar de rabo tremido para, embalados pelo canto da sereia consumista, desaguarem nas catedrais do faz -de-conta e do supérfluo.
Os  Gês percebem é de números, de notas, de cartões de crédito, de taxas de juro, de acções, obrigações e de PIB’s . Não percebem nada da Natureza.
Os Gês querem é cidadãos adormecidos e amorfos, desprovidos da capacidade de pensar e de se indignarem, abismados com os brinquedos da sociedade da hiperescolha, feitos à medida, com que se entretêm todos os dias. De Natureza, os cidadãos não precisam de saber nada. O importante é que continuem a trautear, felizes, a música da Internacional Consumista e de quando em vez, como forma de expiação dos seus pecados, dêem uns donativos para o Banco Alimentar Contra a Fome.

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