Solos e improvisações
Verifico que as opiniões pré-formatadas se tornaram tão habituais que quem ousa sair do trilho e fazer críticas ora à esquerda, ora à direita arrisca-se a ser apontado como diletante, incoerente, excêntrico, tonto ou até intelectualmente desonesto. A esta última avaliação ficam, por vezes, subjacentes dúvidas quanto ao carácter do opinador, já que se presume que a crítica alternada e cruzada pode ter por objectivo agradar a dois ou mais senhores.
Contudo, sendo a realidade polifónica, só os solos que se executam a soldo soam monocórdicos. As opiniões realmente livres aproximam-se, inevitavelmente, da improvisação jazzística. Um registo que, pensando bem, não agrada a muita gente, talvez porque não entre tão facilmente no ouvido...