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Delito de Opinião

Interrupções e conceitos

João Carvalho, 07.01.09

Israel decidiu interromper hoje a guerra em Gaza por três horas, para ajuda humanitária. E parece que é assim mesmo que o conflito vai continuar: uma trégua de três horas por dia, para acorrer às vítimas das restantes 21 horas diárias de guerra.

À indiferença com que se matam civis - crianças e velhos incluídos - acresce a previsão desumana das partes beligerantes, que concedem um intervalo regular para socorrer ou recolher as vítimas da guerra. Assim a frio, pode dizer-se que a diferença entre esta guerra e as da Idade Média não vai muito além das fardas e do armamento, por exemplo. E da própria interrupção, claro.

Quanto à diferença entre esta interrupção e outras interrupções, ela está no conceito. Esta é um pouco como nos cinemas, em que a interrupção corresponde a um intervalo. Ou como nos velhos tempos da RTP, em que era retomada a programação após a interrupção, a qual até originava um pedido de desculpas. Diferente é a eufemisticamente chamada 'interrupção voluntária da gravidez', em que a interrupção é definitiva e nada se retoma.

Israel e a Palestina deviam pensar no conceito que Portugal associa ao aborto, juntar-lhe um pedido de desculpas tipo RTP a preto-e-branco e deixar o intervalo para os filmes. Mas preferem a razão da força. Contra crianças e velhos, os dois serão seguramente vencedores.

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