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Delito de Opinião

Como?

Sérgio de Almeida Correia, 08.10.09

Ontem vi Manuel Carvalho da Silva dar o seu apoio a António Costa na corrida para a Câmara Municipal de Lisboa. Acreditei no gesto e nas palavras. Fiz mal. Esta manhã, o Diário de Notícias vem dizer que o apoio só durou três horas. É que, segundo o DN, entretanto, o mesmo Carvalho da Silva enviou um documento para a Comissão Coordenadora da CDU a justificar a sua posição e a esclarecer que o apoio dado ao candidato do PS não punha em causa "o apoio claro e inequívoco à CDU". Pode ser que os eleitores de Lisboa entendam este discurso dubitativo e a multiplicação de apoios a forças que estão em concorrência directa pelos mesmos lugares. Eu não entendo. Em especial porque em democracia cada eleitor só tem um voto e só pode votar uma vez. E acho que muito poucos portugueses entenderão esta maneira de estar na política. Da direita à esquerda é toda uma cultura política impregnada de atavismo, de falta de clareza, de falta de coragem política, de falta de sentido ético e profundamente folclórica. Começa no Presidente da República - soa a falso quando se pede "um esforço acrescido para a concretização da ética republicana e para a transparência na vida pública" depois de tudo o que aconteceu em Agosto e da inenarrável intervenção de 28 de Setembro - e vem por aí abaixo, até terminar com a oferta de chouriços nas autarquias. Perante isto, termos taxas de abstenção inferiores a 50% é um verdadeiro milagre da participação. Os portugueses não sabem, mas são discípulos de Zenão de Cício. São uns verdadeiros estóicos.

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