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Delito de Opinião

O que faz correr Cavaco?

José Gomes André, 30.09.09

Bem sei que todo o caso Cavaco-Sócrates-escutas é complexo e merecedor de várias análises. Mas quando tento compreender o fundo da questão, só consigo pensar em duas explicações válidas para o sucedido.

 

1. Há coisa de ano e meio, Cavaco Silva decidiu entrar claramente no jogo político, inventou a história das escutas (talvez motivado pela episódio do putativo "espião do PS" na Madeira) e deu ordens a Fernando Lima para levar o pseudo-caso para os jornais, na esperança de que a sua amiga de longa data Ferreira Leite chegasse ao poder. Deu-se mal porque o episódio veio a público, envolvendo o seu nome. E desde aí, Cavaco mais parece aquela pessoa que tenta corrigir um erro cometendo pelo menos mais três no caminho. Se assim for, o buraco é enorme e não parará de crescer, como assinalou o Paulo Gorjão.

 

2. Cavaco acha que está de facto a ser vigiado pelo governo, ou que Sócrates utilizou meios ilícitos para o controlar, só que não tem provas disso. Neste quadro, quereria demitir o governo, mas não tinha condições políticas para o fazer, uma vez que não poderia provar as acusações e não dispunha de outros motivos institucionais para tomar esta acção. Não quer Sócrates como Primeiro-Ministro, porque acha que ele está a cometer (ou cometeu) uma ilegalidade particularmente grave e antidemocrática, mas não sabe - nem pode, na ausência de provas - explicar ao país porque tomaria uma decisão tão drástica como recusar empossá-lo como chefe do governo. 

 

Haverá certamente mais análises possíveis, mas - a menos que estejamos perante uma brincadeira de crianças - acabarão em última instância por ir dar a uma das duas hipóteses referidas. Qual delas é verdadeira? Confesso sinceramente que não sei.

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