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Delito de Opinião

Marcelo: a hora do nunca

João Carvalho, 29.09.09

Desta vez, discordando do Pedro Correia aqui em baixo, vou retomar um elemento antigo que já foi apoucado em tempos, que costuma ser desvalorizado, que pode mesmo ser desconfortável, que todos parece evitarem, mas que está sempre silenciosamente presente. Por tradição, esse elemento apenas é referido indirectamente uma única vez, na pergunta que cada um faz perante um candidato presidencial: quem é (quem será) a Primeira Dama?

Marcelo Rebelo de Sousa é um dos homens que jamais chegarão a Belém, por mais condições que possa reunir, porque nunca será Presidente da República quem não leve consigo uma Primeira Dama. Dir-me-ão: a figura institucional da Primeira Dama não existe em Portugal. Eu respondo: não está consagrada de facto, mas existe. Existe não só implicitamente, mas também explicitamente: tem instalações de trabalho, tem staff', tem segurança, tem agenda, tem tudo o que se queira e cumpre um papel, nem sempre fácil e muitas vezes penoso.

Mesmo que assim não fosse, há um factor que um homem só não consegue contornar: o protocolo. O rigor protocolar não dispensa uma Primeira Dama em inúmeras ocasiões, pois um Presidente é recebido, designadamente, por outros Chefes de Estado e, sobretudo, também tem de receber. Tal como acontece no mundo em que o nosso país se insere há séculos, nestas coisas.

Em suma: por muitas condições que Marcelo tenha, faltar-lhe-á sempre uma. Seja qual for a hora. É pouco? Bem, se Portugal não pertence ao Terceiro Mundo, se o Chefe de Estado não recebe convidados oficiais em farda de combate, se não tem o hábito de andar pelo mundo a acampar em tendas, se o staff da Presidência não tem na lapela um emblema vermelho com o rosto do Grande Líder, então não é pouco nem é muito: é a vida.

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