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Delito de Opinião

O Cinema "Império"

jpt, 10.12.24

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Numa peculiar decisão a Câmara Municipal de Lisboa ("tu não votaste Moedas, Zé? E não dizias que o tipo devia era ser o primeiro-ministro, han...?!!!", dirão alguns amigos, diante do meu esgar atrapalhado, enquanto sorvo o chá de limão no nosso recanto do bairro, não lhes dizendo o óbvio "se o arrependimento matasse", que isso só murmuro no mictório, a que tanta chazada me convoca) permitiu que a IURD rebente com o que resta do cinema Império.

Os mais antigos lembramo-nos da bronca que foi quando, um bocado à sorrelfa, os mariolas da IURD - sim, nós também temos os nossos "evangélicos" - compraram o Império. E depois também quiseram comprar o Coliseu do Porto, mas então os da Invicta acorrentaram-se às grades, resmungaram imenso, fizeram-se SuperDragões daquilo. E impediram a transacção. Ao que julgo recordar então o poder atrapalhou-se e saiu da sua inacção habitual, mudando a lei, nisso impedindo a transformação de "equipamentos culturais" em templos - coisa que terá sido facilitada numa época em que os católicos andariam mais preocupados em dessacralizar igrejas do que em construí-las...

Enfim, sobre o assunto eu tenho uma opinião esclarecida. O "Cinema Império" deveria ter sido expropriado, e ainda o deverá ser. O Estado atribuiria uma utilidade social ao grande edifício: um hotel, ou mesmo um complexo de alojamento local, um xópingue, uma central de informações turísticas, um condomínio para classe média alta - estrangeira de preferência (que português endinheirado quererá viver na Almirante Reis?) -, um centro de acolhimento para imigrantes (i)legais, etc.

Entretanto a empresa IURD será compensada a preços de Estado ("então, afinal não votas na IL, não és um neoliberal, até fascista?", perguntam-me no tal recanto de bairro, enquanto eu já me empertigo, de meio Famous na mão). E a sua bispalhada vasculhada, em busca de desmandos fiscais, residências ilegais, assédios morais ou até sexuais, qualquer coisa, faróis fundidos que seja. Bem como os crentes, decerto que passíveis de coimas, revistas constantes, até detenções, num contributo activo e decisivo para a indústria de martirologia iurdesca, arrastando o mais possível dessa gente para a Portela ou Pedras Rubras, com bilhete de ida e de sem retorno ("então, agora é xenófobo?! desnuda-se...", murmuram os vizinhos, na mesa do lado, pois até já levanto a voz, entusiasmado, "E a laicidade do Estado, pá? e essas proclamações democráticas com que enches os blogs, f...-se?", atiram os da minha velha guarda. "Mate-se, esfole-se!", respondo, pronto a ingressar nas brigadas ateias, de ancinho e foice armado).

Dito tudo isto, estou a divertir-me com as reacções do espectro "esquerdista" diante do episódio. Como é que a rapaziada - a cinéfila, a da "cultura", e os seus "consumidores", os do jornal "Público" e tudo -, sempre tão atreita a contestar uns arranjos florais "colonialistas", uns vis trechos "racistas" dos oitocentistas, agora a toponímia "africanista" olisiponense, a estatueta do Vieira, até as maminhas da musa encostada ao novelista, como é que, dizia eu, essa rapaziada se arregimenta em defesa de um edifício de 1952 chamado ... "Império"?

Mais depressa se apanha um pateta do que um paraplégico.

Notre Dame de Paris

João Pedro Pimenta, 10.12.24
A look at 5 years of restoration work at Notre Dame cathedral in Paris
 
 
A restored Notre Dame cathedral is unveiled days before its official  reopening : NPR
 
Uma semana depois das autoridades e dos trabalhadores a poderem visitar, o interior da Catedral de Notre Dame reabriu, enfim, em dia da Imaculada Conceição, e voltou a rezar-se missa. Cinco anos depois do incêndio que quase a consumiu, a "igreja mãe dos franceses" está mais sólida do que nunca, reconstituindo-se sem concretizar alguns projectos inovadores mais duvidosos, (felizmente).
 
 
Este momento tão simbólico e grandioso acontece numa semana em que o governo de França caiu e desencadeou nova crise política, agravando a orçamental e financeira. A fuga para a frente de Macron levou a que a Assembleia Nacional ficasse espartilhada entre um bloco de esquerda que vai desde anticapitalistas declarados a socialistas de centro-esquerda, com a tutela dessa mistura de Robespierre com Mitterand que é  Mélenchon, um de direita radical (outra amálgama de desiludidos da política, neo-pétainistas inconfessos, legitimistas fora de prazo, ex-esquerdistas desesperados e gaulistas "contratados"), o que resta da direita tradiconal e o próprio bloco de centro macronista. Um governo que levou dois meses a formar-se durou apenas três e o seu chumbo, bem como do orçamento obrigatoriamente austeritário mergulha a França numa crise financeira.
 
Mas isto é uma reprodução fiel da personalidade de França: um país que quando atravessa graves crises consegue sempre reinventar-se e dar a volta por cima. Apesar de problemas internos, só este ano organizou uns Jogos Olímpicos, uma das maiores montras de tudo o que quer ser potência, e reabriu a catedral da capital, não por acaso conhecida em todo o mundo. Um pouco como depois da humilhante derrota na guerra Franco-Prussiana e da revolta da Comuna, em que em poucos anos pagou-se a dívida de guerra, reconstruíram-se os edifícios destruídos pelos communards (excepto as Tuilleries) e ainda se organizou uma enorme feira mundial, para dar conta da pujança do país, ou como a Paris do pós-II Guerra, em austeridade e carência, voltou a ser o farol para meia intelectualidade mundial.
 
Aquando do rescaldo do incêndio, Macron prometeu que em 5 anos a catedral estaria reaberta. Passaram-se 5 anos e meio e eis a promessa concretizada, com empenho político e o grande trabalho de engenheiros, operários, artesãos e todos os trabalhadores que contribuíram para este dia. E penso naqueles que, ao anoitecer daquele dia de Abril em que as chamas ameaçavam destruir Notre Dame, oravam e rezavam nas margens do Sena. As suas preces foram atendidas.
 
PS: compareceram inúmeros chefes de estado e de governo na cerimónia. O Papa mandou saber que não poderia ir, a única verdadeira nota dissonante. Portugal estava representado pela Secretária de Estado da Cultura. Um tal acontecimento numa das cidades com mais portugueses e luso-descendentes não mereceria representação de mais altas instâncias?
 

Este já não oprime mais ninguém

Pedro Correia, 10.12.24

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Aquilo que se convencionou chamar Síria era desde 2011 uma ficção político-jurídica há muito fragmentada em vários territórios com diversas esferas de influência. Era também uma falsa república: funcionava como monarquia absoluta, corrupta e opressora. Com a família Assad no poder desde 1971 - primeiro Hafez (1971-2000), depois o filho mais novo, Bachar, após o falecimento do primogénito. Ambos elegeram a violência extrema contra a população e a implacável perseguição aos opositores como instrumento político.

Este bárbaro regime sobreviveu por um fio à vaga das chamadas "Primaveras árabes" de 2011. Caídos os déspotas da Tunísia, do Egipto, da Líbia e do Iémene, só Assad júnior se aguentou, mantido por conveniência da Rússia, que fez daquela proto-colónia um posto geoestratégico garantindo-lhe um dos cinco ou seis votos incondicionais que Moscovo sempre granjeou em sua defesa e louvor na Assembleia Geral da ONU. 

Assad funcionou como fantoche útil de Moscovo até a férrea resistência ucraniana forçar Vladimir Putin a concentrar ali o esforço de guerra, desviando tropa e logística militar para defender Kursk e atacar no Donbass. A sua queda não causa apenas danos políticos e reputacionais à Rússia: também a teocracia de Teerão acaba de sofrer dura derrota ao ver este fiel aliado derrubado pela insurreição popular. Caiu de podre, sem nenhum sírio a defendê-lo na hora da derrocada.

O torcionário deposto serviu o Kremlin enquanto lá estava, mas perdeu utilidade. Dar-lhe guarida por "motivos humanitários", como diz Putin, é retórica vazia de conteúdo. O ditador russo ignora o significado do termo humanitário e manda assassinar com a naturalidade de um capo mafioso. Se quer preservar a pele no exilio de Moscovo, Assad deve abster-se de tomar chá e manfter-se afastado de varandas ou janelas.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 10.12.24

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José António Abreu: «Não obstante existir algum endividamento anterior, os problemas do Grupo Espírito Santo decorreram exclusivamente da crise financeira internacional de 2008, tendo a gestão tomado sempre as medidas mais adequadas e dispondo de uma solução que, indo sem dúvida resolvê-los, apenas má-fé alheia inviabilizou. Honestamente, custa-me perceber como podem os socialistas não empatizar com uma explicação destas.»

 

Luís Naves: «Definir Índia, África do Sul ou Turquia como democracias liberais não faz sentido. Nos próprios EUA, onde as oligarquias têm poder desproporcionado e onde existe uma obsessão com a segurança, a democracia é mais conservadora do que liberal. As democracias liberais são raras e existem sobretudo na Europa. Nada impede modelos democráticos de tipo populista, social-democrata, conservador ou islâmico. Se o Podemos ganhar as eleições em Espanha, deixa de haver ali democracia? E essa democracia não vai ser liberal, pois não?»

 

Sérgio de Almeida Correia: «A maior parte de nós não tem nenhum [dom]. Mas há quem o tenha. Alguns até conseguem ter vários. O caso do Presidente da República Cavaco Silva é do domínio do divino, tantos e tão variados são os seus dons. Afirmações feitas na Coreia do Sul, em 21 de Julho, são retomadas e clarificadas na Cidade do México, quase cinco meses depois, em 9 de Dezembro. A oportunidade com que fala, a escolha dos momentos e a profundidade do que diz fazem dele um símbolo da extra-sensorialidade política. Que seria de nós sem ele?»

"Cancelamentos culturais" na América (7)

Pedro Correia, 09.12.24

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«Uma pintora "de pele branca" não está autorizada a mostrar alguém "não branco" nas suas telas. A exigência não saiu de um autocrata demencial nem de uma polícia com pendor totalitário: veio de outra pintora, em carta aberta subscrita por dezenas de signatários com pergaminhos intelectuais. Em Nova Iorque, que tem como símbolo a Estátua da Liberdade.

Foi em Março de 2017, durante a Bienal do Museu Whitney de Arte Americana. Acolhendo trabalhos de 63 artistas e colectivos artísticos - metade dos quais "racializados", segundo o novo esperanto politicamente correcto. Não era o caso de Dana Schutz, então com 40 anos: em 2016, esta pintora do Michigan concluíra um quadro a que chamou Caixão Aberto (Open Casket, no original). Versão abstracta de uma fotografia tristemente célebre - a do jovem negro Emmett Till, linchado em 1955, no Mississípi, aos 14 anos. No velório, a mãe do rapaz pediu que o esquife se mantivesse aberto e autorizou que fosse fotografado. "Para todos verem o que lhe fizeram", justificou.

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Nada serviu de atenuante: ouviram-se apelos ao boicote da Bienal. "Ela não tem nada a dizer sobre a comunidade negra nem sobre os traumas dos negros", reagiu o pintor afro-americano Parker Bright. A artista britânica Hannah Black, negra também, foi mais longe: apelou sem reservas à "destruição da tela". (...) A carta teve 34 signatários - incluindo as pintoras Juliana Huxtable e Addie Wagenknecht, o crítico Mostafa Heddaya, a "influenciadora de arte" Kimberly Drew e a académica Christina Sharpe. Reivindicando a "remoção do quadro com a urgente sugestão de que seja destruído".»

 

Do meu livro TUDO É TABU (Guerra & Paz, 2024), pp. 55-56

O fim de um regime que já ninguém apoiava

João Pedro Pimenta, 09.12.24

Ontem os rebeldes sírios tinham tomado Homs e estavam literamente, na "estrada de Damasco". Hoje acorda-se com a notícia da tomada da capital, quase sem resistência, e com a queda do regime e fuga do clã Assad e estado maior (tiveram mais sorte que Saddam e Kadhafi). De há uns anos para cá ficou a ideia de que o regime baathista/assadista tinha ganho a guerra e dominado os seus inimigos, pelo menos em boa parte do país. Em poucas semanas o jogo virou e o regime caiu. O que vem aí pode não ser bom; o que acabou não era de certeza absoluta.

Mas isto serviu para uns tira-teimas: o regime de Assad, que muitos garantiam ser imensamento apoiado pelo povo sírio, caiu quase sem ninguém que o defendesse. Viu-se o "apoio popular": uma enorme farsa, mantida pela violência. Só era sustentado pela ajuda iraniana e pelo Hezbollah, que severamente macerados por Israel não lhe puderam agora acudir, e pela Rússia, que virada totalmente para a guerra na Ucrânia também se viu impotente. É a confirmação de que a Rússia, como já se tinha visto ao falhar à Arménia pelo Nagorno Karabakh, não tem capacidades reais para acudir em vários tabuleiros e que é uma potência com pés de barro. Aliás, depois dessa guerra com a Arménia (que por causa disso se virou para ocidente), é o segundo triunfo dos proxys da Turquia sobre os da Rússia.

Os turcos são os grandes vencedores do momento, mas Israel também colhe os louros. O Irão e a Rússia são os grandes derrotados. Veremos o que ganhará ou perderá o Ocidente, já que os curdos, que apoiam, serão com certeza hostilizados pelos pró-turcos, apesar de também eles terem conquistado território e material militar.

Tudo isto, curiosamente, num dia de grande significado para a França, antiga potência administrativa da Síria. Fica-se com a dúvida se o pais se manterá ou se é mesmo para dividir, como aliás era o plano em 1920.

Pode ser uma ilustração de 1 pessoa e a texto

Pensamento da semana

Pedro Correia, 09.12.24

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Busto de Hafez Assad, pai de Bachar e ditador de 1971 a 2000: era o "carniceiro de Damasco"

 

Bachar Assad, verdugo que oprimia a Síria desde 2000, acoitou-se na capital russa deixando um rasto trágico: 13 anos de guerra civil provocaram mais de meio milhão de mortos e quase 14 milhões de desalojados. Putin, seu amo e protector, cumpriu os mínimos ao conceder refúgio ao fiel vassalo em fuga, apavorado perante a revolta popular. Palavras, leva-as o vento: em 2017, o caudilho do Kremlin ameaçou os que se insurgiam contra a tirania da família Assad de serem «destruídos por armas nunca vistas». Bravata verbal que os factos tornam hoje caricata. A queda deste pau-mandado de Moscovo constitui a primeira derrota estratégica do novo eixo Rússia-Irão-Coreia do Norte. Outras peças de dominó cairão num futuro próximo.

 

Este pensamento acompanhará o DELITO DE OPINIÃO durante toda a semana

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 09.12.24

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Francisca Prieto: «Então e quando a malta vai jogar às escondidas para a rua e grita "coito, cooooito, cooooooooito" aos berros e uma mãe não pode fazer mais nada senão morrer de vergonha e sentir-se parva e ficar ali caladinha à espera que ninguém oiça?»

 

João André: «No moderno mundo profissional vemos constantemente os conselhos para progredir na carreira. Desde os "7 hábitos de pessoas muito bem sucedidas"; aos conselhos sobre o que dizer ou perguntar e como agir em entrevistas; passando pelos inevitáveis apelos a empreendedorismo, iniciativa, destaque no meio da multidão, formas de discernir quais os maus chefes ou se estamos entalados numa determinada posição.»

 

José António Abreu: «Ricardo Salgado tem pelo menos uma vantagem sobre a maioria dos outros banqueiros envolvidos em casos de gestão ruinosa e em particular sobre Sócrates: parece menos arrogante e é incomensuravelmente menos histriónico. Para quem dispensa exibições alarves de testosterona (há um número significativo de criaturas a quem elas causam afogueamento e pernas bambas), sempre vale alguma coisa. De resto, a trampa é a mesma.»

 

Eu: «O nosso colega de blogue Luís Menezes Leitão lança hoje, na Faculdade de Direito de Lisboa, a sua obra Marcello Caetano - Um Destino, biografia do último chefe do Governo do Estado Novo que já se encontra à venda nas livrarias.

Leituras

Pedro Correia, 08.12.24

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«O foco individualista que o Iluminismo nos deu, a permissão do modernismo para as pessoas serem quem são, ao invés de viverem amarradas a definições pré-determinadas, cai por terra diante da ideia de que não ser branco exige uma obsessão pelo facto de não se ser branco e é diminuído por eles poderem não ver o indivíduo na sua totalidade.»

John McWhorter, O Racismo Woke (2021), p. 123

Ed. Tinta da China, 2024. Tradução de Rita Almeida Simões

A indeterminação em Moçambique

jpt, 08.12.24

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Em Moçambique reina a indeterminação. A inacção governamental - e as eleições ocorreram há já dois meses - enquanto as manifestações se sucedem, por todo o país. E continua a violência policial - entretanto as forças armadas mantêm-se calmas, numa espécie de "neutralidade activa". E também surgem, cada vez mais, respostas violentas das populações, investindo contra instalações públicas, privadas e empresariais. Nas grandes cidades e nos entroncamentos viários levantam-se barricadas, impedindo o trânsito - e acabo de ler que "brigadas" manifestantes irrompem pelas centrais eléctricas exigindo a interrupção da produção. Nisto já há centenas de feridos e cerca de noventa mortos. Grassa o temor de uma hecatombe, fervilham os rumores e as teorias conspiratórias. Cá longe recebo catadupas de mensagens, filmes, imagens. Telefonemas, preocupados. Opiniões diversas. Mas unânimes no anseio da paz, da "resolução do conflito" emergente. 

De quando em vez chega um sinal de que a vida continua, assim esperançoso. Ontem recebi esta mensagem, reencaminhada, uma crónica das barricadas de Maputo (da qual desconheço a autoria). Será apócrifa? Talvez não o seja ("cheiro-a" verdadeira). Mas si non è vero é ben trovato:

Permitam-me partilhar convosco algo inusitado que aconteceu-me esta manhã!

Na manhã de hoje, decidi ir à Matola Gare visitar um velho amigo. Na zona de Baião, encontrei uma barricada dos manifestantes a "cobrar portagem", eu com a minha camisa do Sporting CP pus-me a negociar com eles para atravessar, e um deles diz: "grande sportinguista..." e eu com um tom de orgulho, respondi: - SIM! e somos campeões, somos Spoooorting, e um dos manifestantes na barricadas, diz: passa lá boss, vocês do Sporting estão a sofrer maningue.

 

 

Blogue da semana

Pedro Correia, 08.12.24

Desta vez não é propriamente um blogue. É mesmo um jornal digital. O primeiro que se publica numa cidade que me diz muito, pois lá vivi vários anos: Almada. Com mais informação do que opinião, exactamente como deve haver num jornal. Já o consultei várias vezes e gostei do que li. Daí o Almadense ser a minha escolha.

Desabafo sportinguista

Cristina Torrão, 08.12.24

O Nottingham Forest, que não ganhava em Old Trafford há quase 30 anos, subiu à quinta posição da Premier League, com 25 pontos, enquanto o Manchester United caiu para o 13.º posto, com 19.

Vou ser sincera: nunca considerei o Rúben Amorim um treinador fora de série e ficava de pé atrás, quando o punham nos píncaros. É um treinador bom, sim, mas nenhum fenómeno. E todos sabemos que o Sporting também não tem um plantel fora de série.

Mas uma coisa é certa: a química funcionava de maneira incrível. Amorim soube gerir como ninguém a dinâmica criada entre jogadores mais velhos, com alguns anos de clube, e a vontade de brilhar de jogadores novos, desejosos de dar nas vistas, principalmente, na Champions League.

Tratava-se de uma situação especial. E, perante o início fulgurante desta época, eu perguntava-me quanto tempo iria durar a magia. É claro que também não o sei dizer agora. Poderia durar até ao fim da época. Mas também podia quebrar a meio, mesmo sem mudança de treinador.

Perante a continuação dos desaires do Manchester United, podemos dizer que Amorim está no início, que tem de se adaptar à equipa e vice-versa, que os resultados acabarão por vir... Mas o mesmo se pode dizer de João Pereira.

O erro de Amorim foi ter quebrado uma situação que ele próprio talvez nunca mais consiga igualar com outra equipa. E deixou o Sporting órfão, também incapaz de igualar a performance conseguida até à sua partida, mesmo que se substitua o actual treinador por outro mais experiente.

Espero sinceramente que, tanto para Rúben Amorim, como para o nosso clube, estas minhas profecias pessimistas não se cumpram. Mas uma coisa é certa: tendo lido, há algumas semanas, numa qualquer rede social, algo como: "este é o Sporting com que sempre sonhei", nunca perdoarei a quem nos roubou esse sonho.

TUDO É TABU: ecos do meu livro

Pedro Correia, 08.12.24

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António Bagão Félix:

«Um livro necessário e corajoso para aumentar a consciência das novas e sinuosas formas de ditadura do pensamento, com um método de exemplificação muito eficaz.»

24 de Setembro

 

António Costa Amaral:

«Contra todos os que reclamam "na dúvida proíba-se", com convicção resista-se. Contra o obscurantismo, a visibilidade. Contra o silenciamento, a partilha. Contra os tabus tribalistas, a civilização. Contra a mesquinhez, a integridade, coragem, humor, e inteligência. E o Pedro Correia está a fazer a sua parte, e que grande parte, com o "Tudo é Tabu".»

Linkedin, 5 de Julho

 

Fernando Alvim:

«[O livro vai] ao fundo buscar casos de censura, casos de cancelamento, muitos deles em Portugal. São muitos os casos aqui tratados, alguns deles nem eu conhecia.»

Prova Oral (Antena 3), 12 de Junho

 

Fernando Madaíl:

«Kant tinha uma "faceta misógina", Darwin era "racista", Gauguin "pedófilo", Voltaire "defendeu" a escravatura, Hemingway revelou "antissemitismo", a estátua que Miguel Ângelo fez de David é "pornográfica", a peça Romeu e Julieta, de Shakespeare, pode levar espectadores ao "suicídio". Os cem exemplos escolhidos por Pedro Correia para o livro "Tudo é Tabu" (ed. Guerra & Paz) sublinham alguns dos absurdos da actual tendência para condicionar a liberdade de expressão, com "patrulheiros" a "ditar dogmas" e a "decretar anátemas".» 

Correio da Manhã, 4 de Agosto

 

Francisco José Viegas:

«Hoje, a censura progressista espalhou-se pela universidade, pela imprensa e pelas artes. Para registar esses atropelos, Pedro Correia escreveu um livro precioso, Tudo é Tabu

Correio da Manhã, 28 de Junho

 

Francisco Seixas da Costa:

«O meu amigo Pedro Correia recentemente escreveu "Tudo é tabu - cem casos de novas censuras". O livro, muito bem escrito e muito polémico, é sobre isso mesmo. No texto, o autor sublinha o que entende serem os exageros desta onda avassaladora de pressão para a adoção de novas atitudes. Estou a lê-lo aos poucos. Há coisas com que estou de acordo, outras bastante menos. Mas recomendo francamente a leitura.»

Blogue Duas ou Três Coisas, 9 de Setembro

 

Henrique Raposo:

«A obsessão dos woke com o cancelamento de autores e livros - (vejam este resumo feito por Pedro Correia) – massacra autores ainda vivos.»

Expresso , 10 de Julho

 

Joana Amaral Dias:

«Gostava de ter sido eu a escrever este livro.»

«Isto não só é jornalismo, mas é de facto serviço público.»

Jornal Nascer do Sol (videodcast "Córtex Frontal"), 29 de Julho

 

João Paulo Sacadura:

«Um trabalho jornalístico, de investigação, de pesquisa. (...) Uma boa maneira de celebrar estes 50 anos de democracia -- luta que continua todos os dias.»

Rádio Observador, 16 de Julho

 

José Pimentel Teixeira:

«Estou a ler o imprescindível "Tudo é Tabu" do Pedro Correia (Guerra e Paz Editores) , um rol de 100 casos de censura promovida pela vigente e descabelada ideologia "identitarista".»

Blogue Nenhures, 16 de Outubro

 

Luciana Leiderfarb:

«"Cem casos de novas censuras" é o subtítulo deste ensaio que documenta situações de limitação da liberdade de expressão em pleno primado do chamado "mundo livre" e das sociedades democráticas ocidentais.»

Expresso, 2 de Agosto

 

Rodrigo Saraiva:

«[Pedro Correia] acaba de publicar um novo livro: Tudo é Tabu, edição Guerra & Paz. É um livro sobre a Liberdade. Ou melhor, um livro sobre a Vida. Sem liberdade de falar ou escrever não há liberdade para pensar. O que significa que não há liberdade para criar. (...) Qualquer tentativa de censura, chamem-lhe bloqueio, mitigação, afinação, depuração ou profilaxia, acaba num desejo de ambiente único, de narrativa única. Ou seja, de uma ditadura.»

Expresso, 20 de Agosto

 

Rui Calafate:

«Um livro curioso sobre a actualidade.»

Jornal Económico (podcast "Maquiavel para Principiantes", minuto 28), 1 de Julho

 

Rui Daniel Rosário:

«O Pedro Correia, amigo de longa data, lançou hoje mais um livro sobre o que ele designa dos novos polícias do pensamento, no qual reúne 100 exemplos de uma espécie de nova censura, da literatura ao cinema, a que nem as séries de culto escapam. Sempre mantive com o Pedro uma saudável discordância na política, mas não deixo de o considerar um pensador livre e um excelente escritor e jornalista, talvez o mais talentoso blogueiro nacional que resiste no seu Delito de Opinião.»

Facebook, 2 de Julho

 

Rui Zink:

«Hoje, o OFF (Ofendidismo Foleiro-Fanático) alastrou a todas as camadas da sociedade. No meu tempo, eram os mais velhos que se indignavam comigo, agora são os mais jovens. É chato viver com tabus, encurtam-nos as vistas e, ao encurtar-nos as vistas, encurtam-nos a vida. "Tudo é Tabu" é um livro de Pedro Correia, que em entradas breves faz um educativo catálogo de 100 casos recentes de OFF. Podiam ser mais.»

Correio da Manhã, 22 de Setembro

 

«Neste livro fala-se do wokismo e dos impactos que este tem vindo a ter, primeiro nos estabelecimentos escolares e cenáculos intelectuais, e agora na sociedade, através de 100 casos de censura atual e que vão desde a "purificação" de Mark Twain à "fúria castanha contra a Disney", do "mamilo incómodo" de Almodóvar ao "chocolate amargo" de Bernardo Silva, do "risco do riso" de Dave Chappelle ao "silêncio forçado" de Patti Smith.»

Revista Líder, 18 de Outubro

 

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Agradeço também as referências ao livro feitas por Anabela Risso, André Azevedo AlvesAndré Rubim RangelAntónio Oliveira MartinsDiogo Noivo, Fátima Linhares, João Eduardo SeverinoJosé António de Sousa, Manuel CamposPaulo MoutaPedro Oliveira.

Também na newsletter Cardápio e no espaço digital do Centro Nacional de Cultura.

 

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Na livraria do piso -1 do edifício El Corte Inglés (Lisboa)

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Na livraria Barata, agora FNAC, da Avenida de Roma (Lisboa)

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Na histórica livraria Bertrand do Chiado (Lisboa)

 

TUDO É TABU pode ser adquirido via Almedina, AmazonBertrand, Boa Leitura LivrariaBooksmarket, El Corte InglésFNAC, GomesBooks, Mercado LivreWook. E também, claro, por encomenda à Guerra & Paz.

DELITO há dez anos

Pedro Correia, 08.12.24

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Maria Dulce Fernandes: «As chamadas Redes Sociais, criadas com a finalidade de sociabilizar (vulgo engatar gajas), há muito que perderam a inocência, o propósito do convívio, da proximidade, até mesmo da amizade. São campo de caça de predadores sexuais, de fanáticos ideológicos, de inescrupulosos manipuladores de consciências, até de criminosos e assassinos.»

 

Teresa Ribeiro: «À medida que fui perdendo as pessoas de que sou feita, percebi que esta relação complicada que na nossa cultura temos com os velhos é consequência directa da deficiente assimilação do fenómeno da morte nas nossas vidas. Apartar as crianças dos rituais fúnebres é ensiná-las a erguer uma barreira entre o mundo delas e o mundo em que se morre. O desespero que a velhice nos inspira - a nossa e a dos que amamos -  tem a ver com a desconstrução desse modelo de conforto em que nos instalaram em pequenos e de onde, por mais maduros que nos achemos, não queremos sair.»

Parabéns, Helena

Pedro Correia, 07.12.24

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Chamamos-lhe muitas vezes "a nossa Helena". Por ser figura de referência, uma espécie de âncora para gente bem diversa - de diferentes proveniências e de todas as gerações. Um elo de ligação.

Como lhe digo sempre que a encontro, ela é uma força da natureza. Dá-nos lições de vida com o seu contagiante optimismo temperado de uma sabedoria serena. Perto dela, ninguém se sente deprimido. 

A Helena Aires Trindade Sacadura Cabral, "a nossa Helena", completa noventa primaveras entre hoje e amanhã: a celebração prolonga-se pelos dois dias, como habitualmente. Até nisto se nota o seu carácter, típico de quem nasce sob o signo de Sagitário: são pessoas divertidas, curiosas, sociáveis e dinâmicas, apreciam o convívio, adoram viajar, prestam culto à liberdade. 

Características que surgem certamente nas linhas e nas entrelinhas do seu novo livro, Olhos nos Olhos, com chancela Clube do Autor: acaba de me chegar às mãos, vou lê-lo com a mesma atenção que dediquei aos anteriores.

Com um respeitoso, caloroso e grato beijo de parabéns.

Saúde, Helena. Continua a dar-nos lições de vida. Precisamos de ti.