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Delito de Opinião

Use já e pague depois (ou nunca)

Pedro Correia, 07.09.17

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Anda para aí um enorme alarido sobre viagens de políticos patrocinadas por empresas privadas. Acho muito bem que este assunto seja investigado até à exaustão. Espero, sobretudo no caso dos autarcas, que se siga a pista destas deslocações em matéria de eventuais favorecimentos directos ou indirectos às entidades responsáveis pelos generosos convites. Partindo sempre do princípio que não existem almoços grátis.

Encaro no entanto com alguma ironia esta profusão de virgens ofendidas, agora prontas a rasgar vestes em colunas de jornais e ecrãs televisivos. Porque é um segredo muito mal guardado que os órgãos de informação sempre foram brindados com viagens na modalidade "tudo pago" - das mais diversas proveniências e para os mais variados (e por vezes principescos) destinos. De resto, quanto mais alto se sobe na hierarquia dos jornais e televisões, mais generosos se tornam estes pacotes de viagens.

 

Nem precisamos de recuar muito no tempo. No último mês, e só a título de exemplo nada exaustivo, registei estes "patrocínios" de peças jornalísticas, devidamente identificados em várias publicações.

"A jornalista esteve alojada a convite do Sapientia Boutique Hotel"

"Esta reportagem foi realizada com o apoio de Azores Airlines e SATA"

 "A jornalista esteve alojada a convite do White Exclusive Suites & Villas"

"O jornalista viajou a convite da TAP"

"A jornalista viajou a Kingston [Canadá] a convite da Frulact"

"O repórter viajou a convite do Turismo de Alicante e da Costa Branca"

 "A jornalista viajou a Fez a convite do turismo de Marrocos em colaboração com a Solférias"

"O jornalista viajou a convite da Brisa"

 

Estas viagens à borla ocorreram, em certos casos, nas mesmas publicações que mais têm destacado os passeios dos políticos, por vezes em tom de compreensível indignação.

Haverá quem suponha que os parâmetros éticos de uns não devem aplicar-se a outros. Respeitando as opiniões alheias, naturalmente, permito-me discordar.

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