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Delito de Opinião

Um filme de terror

Pedro Correia, 01.07.17

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«Na véspera [16 de Junho], a previsão meteorológica passa para aviso laranja, o que implicaria o pré-posicionamento de meios, deslocação para as zonas de risco de viaturas de combate. Não foi feito. A partir do alerta para o 112, o incêndio acelera vertiginosamente, mas o que se vê é a desvalorização pela cadeia de comando do que os bombeiros iam reportando e os populares pedindo: ajuda, reforços, socorro. Devia ter sido accionado o que tecnicamente se chama ataque ampliado. Não foi feito. O posto de comando não é estruturado para a dimensão da tragédia, não é feito o reconhecimento da situação, não são enviados tanques pesados nem helicópteros bombardeiros, o fogo arde em três distritos e o plano nacional de emergência está ainda por activar. O presidente da Câmara aparece três horas depois, as comunicações falham e, quando não falham, são os operacionais que não as usam correctamente, entupindo canais, falta-lhes formação. Só 24 horas depois é que o Plano Distrital de Protecção Civil de Leiria é activado. O que estava lá a fazer o secretário de Estado, se tarda em activar o plano nacional? Quando a Protecção Civil assume o comando, às 22 horas, já há dezenas de mortos e de feridos.

Sim, tudo correu mal, mesmo tudo, do fundo ao topo da cadeia de comando. E isso é apenas parte da leitura possível, a que esquece o drama humano do outro lado da linha telefónica, a quem vão respondendo: não há meios disponíveis, não há meios disponíveis, não há meios disponíveis...»

 

Pedro Santos Guerreiro, no Expresso de hoje (sublinhados meus). Quinze dias depois da tragédia de Pedrógão, ainda ninguém assumiu responsabilidades públicas pelo mais mortífero incêndio de que há memória em Portugal.

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