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Delito de Opinião

Será hoje?

Leonor Barros, 11.10.12

Há dias em que me apetece partir para a ignorância e dizer que somos um país de parolos que precisa de carros e mordomias para mascarar o que não têm nem são. E um país de energúmenos incapazes de respeitar o seu semelhante em qualquer situação. Enquanto o povo conta os cêntimos há quem vá trocando de carro com o dinheiro do povo. Enquanto não chegar o dia, tomem lá, governantes, aspirantes a governantes, derivados e sucedâneos. 

 

Todos os políticos têm sorte

Leonor Barros, 28.08.12

Os nossos políticos têm muita sorte. Somos tão mansos que aturamos tudo. Enquanto o povo é esmifrado até ao tutano por impostos, taxas, cortes, há quem ainda veja o seu rendimento aumentado. Poupem-nos a balelas inúteis sobre a culpa e o termos de pagar agora e façam-nos um favor: sigam o conselho que nos deram e emigrem. Este país está irrespirável e não é por causa dos portugueses.

Mais do mesmo

Leonor Barros, 01.06.12

A adaptação da excepção

Leonor Barros, 14.05.12

Foi você que pediu uma excepção? - Take 4.559 e três quartos

Leonor Barros, 07.05.12

Uma pessoa não pode passar um fim-de-semana soberbo com o lançamento de um livro excelentemente traduzido pela Helena Araújo à tarde e festa rija à noite com música passada pelo próprio escritor sem que a segunda-feira nos acorde com mais uma das belíssimas e decentíssimas manobras deste governo. Depois das enésimas excepções, os tais que nos exigem sacríficios com ar de beata de plástico brindam-nos com mais uma excepção aos cortes. A belíssima contemplada desta feita é a SATA. Quanto a decência e respeito pelos portugueses já tive oportunidade de me manifestar antes. Resta saber quem são os papalvos que continuam a ser roubados com a desculpa de que não há dinheiro e tal e resta saber qual é a próxima excepção. Aceitam-se apostas. Podem começar pelo próprio governo. Depois de tudo o que tenho visto nada me surpreenderá mas continuará a indignar-me. Merecíamos mais. Merecíamos melhor.

Também aqui.

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Leonor Barros, 10.04.12
Sete e vinte da manhã. O despertador toca, o despertador do telemóvel. Nos tempos modernos os despertadores despertadores tornaram-se bichos obsoletos e é mais fashion ter o Blackberry a acordar-me.  Há que manter o estilo. Clico no dismiss, 'a língua inglesa fica sempre bem' e levanto-me. Pés no chão, um de cada vez, ter os pés assentes na terra tem-me custado muitas palpitações nos dias que correm, ponho os óculos, sim, esta que vos escreve é míope mas que isto não vos sirva de desculpa para defender 'certas e determinadas' pessoas, outra expressão de que gosto, arrebanho umas calças do roupeiro, um blazer azul escuro, um colar tipo Carmen Miranda, não quero parecer fúnebre aos meus alunos, uma série de outras peças de roupa a cujos detalhes vos poupo e rumo à casa de banho. Lavo o manto da noite num revigorante duche matinal e desço as escadas acompanhada da Julieta, uma das madrugadoras, as outras gatas reservam-se o direito de longos e preguiçosos sonos devido à idade vetusta e respeitável. Depois de um pequeno almoço frugal acompanhado das notícias matutinas, hábito que vou ter de perder se me quiser poupar uns anos, pego no carro que me guincha com falta de gasolina e grita-me em letras vermelhas NÍVEL DE COMBUSTÍVEL BAIXO. Temos pena. Chego à escola. Está lá ainda. A bela da escola azul-cueca. Entro aos bons-dias, subo à sala de professores, tiro a chave da sala C7, lê-se no garrafal porta-chaves, dirijo-me à sala e dou graças aos deuses por ainda lá ter o meu emprego. Com as manobras na penumbra deste governo chegará o dia em que Leonor Barros será uma entrada vã no sistema aliviado por se ter visto livre de mais um fardo e eu, como tantos outros, serei uma página em branco, quem sabe décadas de trabalho arrumadas numa página em branco, amarfanhadas como lixo num qualquer cesto dos papéis tecnocrata, um url perdido na voracidade destes tempos para os quais me faltam adjectivos. PAGE NOT FOUND. 

Mágoas

Leonor Barros, 09.04.12

Dou por mim nos últimos tempos a usar os termos de indignação que usei nos tempos do governo de Sócrates e que muitos dos que agora dão vivas a Passos Coelho usaram. E não porque é meu hábito ou prazer 'malhar' nos governos, mas porque como tem sido amplamente noticiado este governo falta à verdade tal como Sócrates faltou, usa estratégias rasteiras para atraiçoar os cidadãos que os elegeram e todos os dias se lembra de nos surpreeender com propostas que a terem sido no tempo socrático teriam chovido meteoritos de críticas. O Sócrates pelo menos era mais giro que Passos Coelho, porque em termos de carácter estamos na mesma: faltar à verdade parece estar inscrito no ADN dos políticos portugueses. E isto magoa, achincalha, humilha. O meu país dói-me.

E respeito pelos portugueses, não se arranja por aí?

Leonor Barros, 05.04.12

Num dia afirma-se de forma peremptória ao vivo e a cores que o corte nos subsídios vigoraria em 2012 e 2013, à tarde era afinal até 2014 e hoje diz-se que afinal não houve contradição nenhuma. Nós merecíamos mais respeito, senhores governantes. Deve ter sido por isso que, cansados das trapaças anteriores, os elegeram. Merecíamos mais.

A excepção da excepção à excepção excepcionalmente

Leonor Barros, 15.03.12

As administrações das empresas Parque Expo, TAP, ANA, CTT e EMA (Empresa de Meios Aéreos) ficam de fora do limite salarial equivalente ao do primeiro-ministro, por estarem "em processo de privatização, de extinção ou liquidação". Venham-me depois com a conversa moralista de que não há dinheiro e de que todos temos de fazer sacríficios. Depois, que agora fui ali dar largas à profunda náusea que tenho por tudo isto. 

Me abona que eu gosto

Leonor Barros, 20.01.12

Atentem no ponto 3 do Despacho (extrato) n.º 774/2012 e digam-me o que é isto: "Nos meses de junho e novembro, para além da mensalidade referida no número anterior, será paga outra mensalidade de € 1.575,00 (mil quinhentos e setenta e cinco euros), a título de abono suplementar." A mim venderam-me que não podiam pagar subsídios porque não havia dinheiro. Esqueceram-se de acrescentar 'para alguns'. Não há dinheiro para alguns. Resta saber quem mais vai ser bafejado com os pomposissímos e não menos convenientes 'abonos suplementares' que curiosamente serão pagos nos meses de Junho e Novembro. Qualquer semelhança com os subsídios de férias e de Natal é mera coincidência.

 

Adenda – Situação entretanto regularizada como se pode ver aqui.

Limites

Leonor Barros, 23.11.11

Em Março último, Cavaco Silva afirmava que havia limites para os sacríficios exigidos aos portugueses. Além dos limites aos sacríficios devia haver limites à paciência dos portugueses e ainda limites à distinta lata do primeiro ministro. E depois querem convencer-nos de que não há alternativa à austeridade. Esqueceram-se de um adjectivo possessivo de extrema importância. Não há alternativa à nossa austeridade, já que a vossa, senhores governantes, vai continuando a ser uma miragem. Tenham vergonha.

O bailinho da Madeira

Leonor Barros, 08.11.11

Podia ser piada de Carnaval, mentira do 1 de Abril, ou apenas uma laracha jocosa, mas para nossa grande infelicidade e até vergonha é verdade. Alberto João Jardim decretou tolerância de ponto para os funcionários assistirem à sua tomada de posse. E depois querem que nos levem a sério. Logo agora que a Troika anda por aí. Não podiam ao menos esperar mais umas semanas?

O país em part-time

Leonor Barros, 01.11.11

Não é de hoje nem de ontem. São anos e anos de sucessivos desmiolanços na Educação deste país. Depois do Ministério da Educação do Governo anterior se ter lembrado de tornar a escola obrigatória até ao 12 º ano, eis que surge uma ideia verdadeiramente brilhante: a escola em part-time. Uma maneira airosa de abandalhar ainda mais o sistema. Prevejo planos dos planos dos planos de recuperação e planos individuais de trabalho para quem estuda a part-time com 16 anos. Há que ter medo das cabeças brilhantes que nos (des)governam. Muito medo.