Processo autofágico em curso
Um partido vencedor de três eleições em dois anos (regionais açorianas, autárquicas e europeias, estas em contraciclo absoluto com o ocorrido na sua família política alargada) cai agora entre cinco e nove pontos percentuais nas intenções de voto, no rescaldo imediato da mais recente conquista nas urnas, registando a maior queda nesta legislatura.
Faz sentido? Claro que sim: é um reflexo evidente do processo autofágico em curso, aliás com antecedentes mais que óbvios. Nunca por cá se havia visto algo semelhante: um partido vencedor celebrar esse triunfo eleitoral entrando numa acelerada desagregação interna que deixará feridas profundas a vários níveis.
Eis a oposição ideal para qualquer Governo. Não admira por isso que na actual maioria já se equacione o cenário de legislativas antecipadas, cada vez mais provável à medida que a guerra civil se desenrola, com requintes de sebastianismo temperado com fúria siciliana, naquele que ainda é o maior partido da oposição.