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Delito de Opinião

Penso rápido (78)

Pedro Correia, 30.06.16

lógica referendária estimula como nenhuma outra as pulsões populistas. É disso que a Europa menos precisa neste momento, confrontada como está com desafios que exigem resposta à escala continental das instituições políticas - desafios como o terrorismo, as migrações, a globalização, a ameaça expansionista russa, as crises financeiras de diversos Estados membros, o espectro da recessão económica e a falência do modelo de segurança social pública tal como o conhecemos desde o pós-guerra.
Que resposta pode ser dada, por exemplo, aos atentados como o de anteontem no aeroporto em Istambul - 42 mortos e pelo menos 40 feridos em estado grave - sem ser através de mecanismos colectivos e de uma fortíssima solidariedade europeia?
Os referendos são caixas de Pandora abertas pelos motivos mais extravagantes (no caso de David Cameron numa tentativa canhestra de entalar a forte corrente eurocéptica do Partido Conservador, tiro que lhe saiu pela culatra) e que dificilmente voltam a ser fechadas. Por isso a Escócia promete avançar já com novo referendo soberanista. Por isso os inconformados com o Brexit mobilizam-se já para que ocorra outro referendo destinado a anular os efeitos do primeiro.
Parafraseando Winston Churchill, a democracia representativa é o pior dos sistemas excepto todos os outros. Arguto Churchill, que nunca necessitou de referendos para tomar decisões, mesmo nos momentos mais dramáticos. Se tivesse convocado uma consulta popular antes de decidir fazer frente à Luftwaffe, talvez hoje o alemão fosse um dos idiomas oficiais do Reino Unido.

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