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Delito de Opinião

Penso rápido (81)

Pedro Correia, 12.12.16

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 Simone de Beauvoir, Sartre e Che Guevara em Havana (1960)

 

Sempre houve excelentes escritores em péssimas companhias. O século XX está cheio deles - Pablo Neruda e Rafael Alberti com as suas odes a Estaline, Ezra Pound com as suas loas a Mussolini, Drieu La Rochelle rendido a Pétain, George Bernard Shaw defendendo as purgas em Moscovo.

Nunca mais acabaríamos se alargássemos a lista a todos os escritores que defenderam o indefensável. E que tanto contribuíram para que a palavra "intelectual" tenha caído em desgraça.
Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir pavonearam-se na Havana "revolucionária", prestando tributo ao castrismo. Mas, entre Fidel Castro e Che Guevara, preferiam Che. Quando o argentino foi assassinado na Bolívia, morrendo de modo idêntico ao que conduzira tanta gente à morte em Cuba, Sartre escreveu que tinha desaparecido "não apenas um intelectual, mas também o mais completo ser humano da nossa era". Exagero tipicamente parisiense somado à miopia ideológica, com reflexos inevitáveis na perda de prestígio dos intelectuais no mundo contemporâneo.

As palavras, quando mal usadas, gastam-se depressa. O mesmo sucede às ideias no implacável confronto com os factos históricos: nada a fazer quando não resistem ao elementar teste do tempo.

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